sábado, 5 de fevereiro de 2011

As Incontáveis Desgraças VI - Confesso que sequei

Confesso que Sequei é um dos textos mais sinceros que li sobre as incontáveis desgraças que afligem meu time do coração. Aproveito o início do ano futebolístico para relembrar aquele fatídico Torneio Início. Esse é só um trecho. O autor é Francisco Antero. Na verdade, a autoria desta pérola foi da FMF: 


O Torneio Início do Campeonato Mineiro é uma competição que acontece em um só dia, reunindo todas as equipes do Módulo I. São partidas eliminatórias de vinte minutos cada, que, em caso de igualdade de tentos, vence aquele que obteve maior número de escanteios; persistindo a igualdade, cobrança de tiros livres da marca penal. Sim, companheiros, escanteios decidem a partida. Esse torneio vem das priscas eras da Federação Mineira de Futebol, que lá pelos idos da década de sessenta abandonou a idéia. Sentiram tanto a falta do negócio que voltou a ser disputado somente duas vezes, uma 1983 e outra em 2006.

Não que eu estivesse dando qualquer trela para Atlético ou Cruzeiro ganharem ou perderem aquela bagana, ressuscitada em 2006 por ocasião dos 90 anos da FMF. Entretanto, como tudo era em um dia só, foi uma oportunidade única de estar no estádio vendo um jogo do Galo que não era contra nós. Ou seja, logo na primeira rodada, toda a claque do Guarani de Divinópolis viu-se acompanhada da torcida azul no Mineirão, que, cantando a plenos pulmões, apoiou o bugre mineiro rumo à acachapante vitória de dois escanteios a nada sobre o combalido time do Atlético. Todos os cruzeirenses rimos gostosamente comemorando o triunfo daquela esquadra da qual nem sabíamos o nome do lateral direito. Ou seja, secadores, em sua mais pura essência.

Caso alguém queira saber, de curiosidade, como terminou tudo, informo que a alegria durou pouco, mais ou menos uma hora, até o Cruzeiro ver-se derrotado por um tiro de canto de diferença para o Democrata de Sete Lagoas. O Jacaré sagrar-se-ia campeão do certame, tendo conseguido três corners a seu favor na finalíssima contra o próprio Guarani.


Agora minhas considerações: Este texto só poderia ter sido escrito mesmo por um torcedor do Cruzeiro,  pois como novatos na arte de ganhar, a secação alheia tornou-se das suas maiores especialidade na vida... Mas, brincadeiras a parte, achei a provocação do autor bem bolada. O texto é legal. Goza sem ofender, sem agredir. Porque subverte um pouco a lógica de guerra presente nos estádios e, principalmente, nas transmissões dos jogos, pela provocação sadia.  Gosto dos textos do Xico Sá e do Torero por causa disso, da elegância sutil, as vezes irônica, ao se referirem aos adversários. A foto acima é só um exemplo do espírito agressivo e guerreiro do futebol atual que contamina torcedores, jornalistas e dirigentes. Trata-se de uma cultura que vem sendo incentivada e vista como normal. "Abater, guerreiro, matador"  são todas expressões futebolísticas, como várias outras similares. A guerra, portanto, não é de torcidas organizadas. Combater as organizadas é como combater o pequeno traficante e permitir que empresários, políticos e juízes corruptos continuem a financiar o narcotráfico internacional e tráfico de armas. Pelo contrário, trata-se, isso sim, de uma guerra de representações culturais ligadas ao futebol.

Enfim, o texto completo desta e de outras secadas (sim, meus amigos, outros times já foram muito secados também) podem ser encontradas no site Impedimento clicando nesse link aqui.

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