sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Alucinações Musicais

Uma mulher inglesa ouve, sem parar, uma seqüência de músicas em sua cabeça. A história, relatada no vídeo abaixo, remeteu-me ao livro Alucinações Musicais, do neurologista americano Oliver Sacks. Nele, ele relata diversos casos semelhantes, que passam de uma aparente graça inicial, quando vistos rapidamente, para um sofrimento terrível, como o músico que ouve a nota fá, ininterruptamente, como um zumbido que o acompanha onde quer que vá.

Mas, o mais interessante no presente caso é como o médico psiquiatra do vídeo abaixo recomenda que sua paciente trate a doença: ele recomenda que ela ligue o aspirador de pó ou, até mesmo, brigue com as vozes.

Quanta ignorância musical....

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A torcida do Galo e a torcida do Corinthians: pequenas diferenças

A Globo não mostrou. Nem a Record, o SBT, a RedeTV, a Espn.... Mas, a demonstração impressionante da torcida do Corinthians no aeroporto de Guarulhos foi precedida por outra, também não menos impressionante, ocorrida meses antes, na saída dos jogadores do Atlético - MG para um simples jogo contra o Cruzeiro, dia 26/08/12.  Lembrando que, naquele jogo, por absoluta incompetência das autoridades e dirigentes elitistas, só torcedores do Cruzeiro poderiam ir ao campo. O jogo não valia nada, além dos 3 pontos de um clássico tradicional.

As imagens abaixo foram gravadas na saída do time do Galo do CT da cidade de Vespasiano, e se estenderam por vários quilômetros até Belo Horizonte.



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O educador Koellreuter

Hans Joachin Koellreuter, um dos educadores mais importantes que nosso país já teve, não tem uma produção bibliográfica e videográfica condizente com sua trajetória musical. No entanto, no youtube está disponível este vídeo do cineasta Rogério Sganzerla, de 2003, no qual o educador alemão afirma que a única coisa que ele não pode ensinar é "fazer a pessoa ser ela própria". O documentário está construído numa linguagem que busca valorizar os ideais dodecafônicos do maestro, e nota-se este cuidado desde a trilha sonora até a edição do vídeo. Ao mesmo tempo, é possível ter acesso aos ideais filosóficos, educacionais e musicais que embasaram sua prática bem como um panorama geral de sua trajetória no Brasil, na qual contribuiu, de maneira direta ou indireta, para a formação de músicos como Tom Jobim, Tom Zé, Júlio Medaglia, Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros. 


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Justiça protege Daniel Dantas contra internautas

A Editora Brasil 247 está obrigada a identificar os leitores que, valendo-se do anonimato, inseriram comentários reputados ofensivos e abusivos ao banqueiro Daniel Dantas. A determinação é da primeira instância da Justiça do Rio de Janeiro, que atendeu pedido do banqueiro em ação contra o jornal eletrônico. Cabe recurso.

Na sentença do dia 13 de novembro, o juiz Thomaz de Souza e Melo determinou que a Brasil 247 forneça, em até 15 dias, os dados cadastrais referentes aos protocolos de internet (IPs) de 17 usuários, sob pena de multa diária.

Segundo o juiz, a intenção da legislação é garantir a liberdade de expressão em sua mais ampla dimensão, sem que isso implique no exercício irresponsável deste direito.

"A expressão do pensamento é livre, mas se o exercício deste direito gerar injusta lesão a terceiros, poderá ser objeto de reparação. Para tanto, vedou-se o anominato, no intuito de que a liberdade de expressão seja exercida de acordo com o binômio liberdade/responsabilidade", afirmou o juiz.

Melo ressaltou que é saudável o debate por meio de comentários em sites, "porém, não é lícito impedir que o autor, que se sente ofendido com os comentários postados, identifique os supostos ofensores, para exercer, em sendo o caso, o constitucional direito de ação".

Ele destacou que não julgou o conteúdo das mensagens, mas o direito da pessoa que se sentiu ofendida de saber quem são as que deixaram aquelas mensagens.

"Manter o anonimato dos autores das mensagens, além de cercear eventual direito de ação, vai de encontro à vontade do próprio legislador constituinte, quando dispõe no artigo 5º, inciso IV da Carta da República: 'é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato'."

Leia a notícia na íntegra aqui: http://www.conjur.com.br/2012-nov-19/leitor-nao-direito-anonimato-comentarios-ofensivos#autores

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Piada pronta: Marcio Lacerda recebe medalha de mérito da Defesa Civil

Piada pronta: Marcio Lacerda recebe medalha de mérito da Defesa Civil
Foto: Site BHAZ/Publicação
O clima tá mudado!!
O prefeito Marcio Lacerda recebeu nesta terça-feira (20) a medalha de mérito da Defesa Civil em solenidade na Cidade Administrativa, na região Norte da capital. A homenagem é feita a personalidades e instituições que realizaram “serviços relevantes à comunidade mineira em assuntos de Defesa Civil”.
De acordo com a informação divulgada pela assessoria da Prefeitura de Belo Horizonte, durante a cerimônia, Lacerda ressaltou “os bons resultados alcançados com os trabalhos de prevenção na capital graças à parceria entre os governos estadual e municipal”. (O Tempo)
Via site do Movimento Fora Lacerda
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

terça-feira, 6 de novembro de 2012

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Vícios Fulminantes: julgamento do mensalão no STF pode não valer

Por Luiz Flávio Gomes

Muitos brasileiros estão acompanhando e aguardando o final do julgamento do mensalão. Alguns com grande expectativa enquanto outros, como é o caso dos réus e advogados, com enorme ansiedade. Apesar da relevância ética, moral, cultural e política, essa decisão do STF —sem precedentes— vai ser revisada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, com eventual chance de prescrição de todos os crimes, em razão de, pelo menos, dois vícios procedimentais seríssimos que a poderão invalidar fulminantemente.

 O julgamento do STF, ao ratificar com veemência vários valores republicanos de primeira linhagem —independência judicial, reprovação da corrupção, moralidade pública, desonestidade dos partidos políticos, retidão ética dos agentes públicos, financiamento ilícito de campanhas eleitorais etc.—, já conta com valor histórico suficiente para se dizer insuperável. Do ponto de vista procedimental e do respeito às regras do Estado de Direito, no entanto, o provincianismo e o autoritarismo do direito latino-americano, incluindo, especialmente, o do Brasil, apresentam-se como deploráveis.

No caso Las Palmeras a Corte Interamericana mandou processar novamente um determinado réu (na Colômbia) porque o juiz do processo era o mesmo que o tinha investigado anteriormente. Uma mesma pessoa não pode ocupar esses dois polos, ou seja, não pode ser investigador e julgador no mesmo processo. O Regimento Interno do STF, no entanto (artigo 230), distanciando-se do padrão civilizatório já conquistado pela jurisprudência internacional, determina exatamente isso. Joaquim Barbosa, no caso mensalão, presidiu a fase investigativa e, agora,embora psicologicamente comprometido com aquela etapa, está participando do julgamento. Aqui reside o primeiro vício procedimental que poderá dar ensejo a um novo julgamento a ser determinado pela Corte Interamericana.

Há, entretanto, um outro sério vício procedimental: é o que diz respeito ao chamado duplo grau de jurisdição, ou seja, todo réu condenado no âmbito criminal tem direito, por força da Convenção Americana de Direitos Humanos (artigos 8, 2, h), de ser julgado em relação aos fatos e às provas duas vezes. O entendimento era de que, quem é julgado diretamente pela máxima Corte do País, em razão do foro privilegiado, não teria esse direito. O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos levantou a controvérsia e pediu o desmembramento do processo logo no princípio da primeira sessão, tendo o STF refutado seu pedido por 9 votos a 2.

 O ministro Celso de Mello, honrando-nos com a citação de um trecho do nosso livro, atualizado em meados de 2009, sublinhou que a jurisprudência da Corte Interamericana excepciona o direito ao duplo grau no caso de competência originária da corte máxima. Com base nesse entendimento, eu mesmo cheguei a afirmar que a chance de sucesso da defesa, neste ponto, junto ao sistema interamericano, era praticamente nula.

 Hoje, depois da leitura de um artigo (de Ramon dos Santos) e de estudar atentamente o caso Barreto Leiva contra Venezuela, julgado bem no final de 2009 e publicado em 2010, minha convicção é totalmente oposta. Estou seguro de que o julgamento do mensalão, caso não seja anulado em razão do primeiro vício acima apontado (violação da garantia da imparcialidade), vai ser revisado para se conferir o duplo grau de jurisdição para todos os réus, incluindo-se os que gozam de foro especial por prerrogativa de função.

No Tribunal Europeu de Direitos Humanos é tranquilo o entendimento de que o julgamento pela Corte Máxima do país não conta com duplo grau de jurisdição. Mas ocorre que o Brasil, desde 1998, está sujeito à jurisprudência da Corte Interamericana, que sedimentou posicionamento contrário (no final de 2009). Não se fez, ademais, nenhuma reserva em relação a esse ponto. Logo, nosso país tem o dever de cumprir o que está estatuído no artigo 8, 2, h, da Convenção Americana (Pacta sunt servanda).

A Corte Interamericana (no caso Barreto Leiva) declarou que a Venezuela violou o seu direito reconhecido no citado dispositivo internacional, “posto que a condenação proveio de um tribunal que conheceu o caso em única instância e o sentenciado não dispôs, em consequência [da conexão], da possibilidade de impugnar a sentença condenatória.” A coincidência desse caso com a situação de 35 réus do mensalão é total, visto que todos eles perderam o duplo grau de jurisdição em razão da conexão.

Mas melhor que interpretar é reproduzir o que disse a Corte: “Cabe observar, por outro lado, que o senhor Barreto Leiva poderia ter impugnado a sentença condenatória emitida pelo julgador que tinha conhecido de sua causa se não houvesse operado a conexão que levou a acusação de várias pessoas no mesmo tribunal. Neste caso a aplicação da regra de conexão traz consigo a inadmissível consequência de privar o sentenciado do recurso a que alude o artigo 8.2.h da Convenção.” A decisão da Corte foi mais longe: inclusive os réus com foro especial contam com o direito ao duplo grau; por isso é que mandou a Venezuela adequar seu direito interno à jurisprudência internacional: “Sem prejuízo do anterior e tendo em conta as violações declaradas na presente sentença, o Tribunal entende oportuno ordenar ao Estado que, dentro de um prazo razoável, proceda a adequação de seu ordenamento jurídico interno, de tal forma que garanta o direito a recorrer das sentenças condenatórias, conforme artigo 8.2.h da Convenção, a toda pessoa julgada por um ilícito penal, inclusive aquelas que gozem de foro especial.”

Há um outro argumento forte favorável à tese do duplo grau de jurisdição: o caso mensalão conta, no total, com 118 réus, sendo que 35 estão sendo julgados pelo STF e outros 80 respondem a processos em várias comarcas e juízos do país (O Globo de 15 de setembro de 2012). Todos esses 80 réus contarão com o direito ao duplo grau de jurisdição, que foi negado pelo STF para outros réus. Situações idênticas tratadas de forma absolutamente desigual. Indaga-se: o que a Corte garante aos réus condenados sem o devido respeito ao direito ao duplo grau de jurisdição, tal como no caso mensalão? A possibilidade de serem julgados novamente, em respeito à regra contida na Convenção Americana, fazendo-se as devidas adequações e acomodações no direito interno. Com isso se desfaz a coisa julgada e pode eventualmente ocorrer a prescrição.

 Diante dos precedentes que acabam de ser citados, parece muito evidente que os advogados poderão tentar, junto à Comissão Interamericana, a obtenção de uma inusitada medida cautelar para suspensão da execução imediata das penas privativas de liberdade, até que seja respeitado o direito ao duplo grau. Se isso inovadoramente viesse a ocorrer —não temos notícia de nenhum precedente nesse sentido—, eles aguardariam o duplo grau em liberdade. Conclusão: por vícios procedimentais decorrentes da baixíssima adequação da eventualmente autoritária jurisprudência brasileira à jurisprudência internacional, a mais histórica de todas as decisões criminais do STF pode ter seu brilho ético, moral, político e cultural nebulosamente ofuscado.

Luiz Flávio Gomes é advogado e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG, diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.  Revista Consultor Jurídico, 25 de setembro de 2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tô refazendo tudo


Gosto especialmente a partir do minuto 35:35 Tô nessa balada. 

Refazendo tudo. Inclusive abobrinhas. 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Português para concurso - vol. 2

Era uma vez uma aula de português pra concurso... Isso me lembra o seguinte: estudar, bastante. Que eu me afastarei por alguns dias, ou semanas ou meses do blog, não sei, para estudar, escrever, escrever, estudar, escrever, estudarescrever, e deixarei os 20 leitores que vêem de vez em quando aqui com os arquivos aí do lado. A princípio, volto lá pra setembro.
Ou a qualquer momento que me der na telha porque seguir regras nunca foi o meu forte. Abraços.


Veja também o hilário e criativo vídeo Dica de Português para Concurso - vol. 1

Fui.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Pan : uma oração sobre batidas



Tavinho Paes, um dos autores, fez o seguinte comentário ao descobrir o vídeo no youtube: Interessante encontrar este video aqui ... essa música tem tanta história. Por exemplo: o clipe é feito com imagens do StudioK7 - Berlim. O poema demorou 3 anos para ser montado, como peças de um dominó. Fala tantas línguas que ninguém conseguiria traduzi-lo, mas basta saber seu leit-motif que se tem uma compreenção e um entendimento total do que ele que dizer ... é uma oração, montada sobre as batidas dos pontos de Oxum e Oxalá. 
   tavinhopaes

terça-feira, 19 de junho de 2012

Verticalização, higienização e entristecimento de Belo Horizonte

Por Idelber Avelar.

Eu não nasci em BH, mas me considero belo-horizontino. Nas zonas oeste, centro ou leste da cidade morei entre 1975 e 1990 e, dos 22 anos desde então, só em 2 ou 3 deixei de passar pelo menos 3 ou 4 meses na cidade. Creio conhecer algo de seus recovecos e seu jeito de estar no mundo. É, para mim, um paradigma da cidade-véu, a urbe que demanda uma iniciação mais complexa, dependente, em geral, de um(ns) guia(s), ao contrário de um Rio, Buenos Aires ou Nova York, cidades que se entregam e se oferecem, mesmo à caminhada aleatória, muito mais facilmente (cidades-vitrine). Nesse sentido, BH se parece mais a São Paulo — urbes em que, se você começar a caminhar aleatoriamente em/ a partir do centro, você muito provavelmente não vai encontrar nada de importante, nada que a caracterize, nada que valha a pena conhecer. A cidade demanda uma exploração mais direcionada. Continue a ler:


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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Brasileiros estão mais tolerantes com suspensão de direitos, aponta pesquisa

De Sul21
Felipe Prestes

A população brasileira está mais tolerante com atitudes arbitrárias da polícia e com suspensão de direitos a acusados e condenados. É o que indica a “Pesquisa nacional, por amostragem domiciliar, sobre atitudes, normas culturais, e valores em relação a violação de direitos humanos e violência”, lançada na última quarta-feira (6), pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP. As causas destas mudanças de opinião não aparecem na pesquisa, mas especialistas apontam que a sensação de medo, em parte turbinada pelos meios de comunicação, podem ser o principal fator.

Foram feitas entrevistas, em 2010, com 4025 pessoas, a partir de 16 anos, em 11 capitais brasileiras. Boa parte das perguntas também foram feitas em 1999, o que permite a comparação e mostra menos brasileiros se importando com direitos de suspeitos, acusados e condenados. Uma das questões, por exemplo, perguntava se um policial pode “invadir uma casa”, “atirar em um suspeito”, “agredir um suspeito” e “atirar em um suspeito armado”. A maioria das pessoas continua discordando totalmente nas três primeiras sentenças, mas houve grande queda dos que discordam. Em 1999, 78,4% discordavam totalmente sobre invadir uma casa; em 2010, o número caiu para 63,8%. Na primeira pesquisa, 87,9% discordavam totalmente sobre atirar em um suspeito; o que caiu para 68,6%. Em 1999, 88,7% eram totalmente contra a polícia agredir um suspeito; número que caiu para 67,9%; e 45,4% eram contra atirar em um suspeito armado, o que caiu para 38%. Outra questão era se um policial poderia bater em um preso que tentara fugir. Em 1999, 61,5% discordavam totalmente, número que caiu para apenas 34,8%.
Mudanças também em dados relacionados à Justiça. Embora a grande maioria, quase 80%, se oponha à tortura, quando perguntados se a Justiça deve aceitar provas obtidas por tortura, apenas 52,5% discordaram totalmente e 18,1% discordaram em parte. Em 1999, 71,2% discordavam totalmente e 5,5% discordavam em parte. Pode-se dizer neste caso, e em outras questões, que não aumentou o número de pessoas que concordam com a suspensão de direitos, mas que elas já não têm a mesma firmeza na defesa deles. Na afirmação “nenhum crime justifica pena de morte”, por exemplo, caíram 5% os que concordavam totalmente; número exato do que aumentou os que “concordam em parte”. Ou seja: não aumentou o número de pessoas a favor da pena de morte, apenas as pessoas contrárias à pena capital já não têm a mesma certeza.
Sobre penas, a pesquisa também fez perguntas que não haviam sido feitas em 1999, o que não permite a comparação mas, ainda assim, reforça a tendência que mostramos acima. A pesquisa sugeriu penas para determinados tipos de crime como “sequestro”, “estupro”, “corrupção”, entre outros. Na grande maioria dos crimes, mais da metade dos brasileiros optou pelas três penas não previstas pela Constituição que constavam entre as opções: pena de morte, prisão perpétua e prisão com trabalhos forçados. Além disto, mais de 60% dos entrevistados acredita que o Judiciário “se preocupa demais com os direitos dos acusados”.

Preocupação com segurança é um dos fatores, diz senador

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), os dados são motivados pela preocupação dos brasileiros com segurança. “Qualquer pesquisa que se realize hoje sobre as prioridades dos cidadãos, as pessoas vão dizer que se preocupam com três coisas: educação, saúde e segurança. Com este medo permanente as pessoas defendem medidas mais radicais e não percebem que violência gera cada vez mais violência. Não surpreende os dados da pesquisa e não tenho dúvida de que para crimes hediondos vai se apoiar cada vez mais a pena de morte. A tendência das pessoas é achar que isto vai resolver, mas não vai. Temos que investir em educação, informação, saúde e distribuição de renda”, conclui o senador.
Bruno Alencastro/Sul21“Basicamente, acho que é a cultura do medo que vai aumentando o aceitamento de repressão – e esvaziando o direito de defesa”, afirma Marcelo Semer, juiz de direito e ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia. O magistrado alerta para o fato de que, muitas vezes, o apoio à repressão policial é abstrato e a opinião muda quando se presencia uma cena de violência. “As pessoas podem achar, abstratamente, que aceitam mais a violência policial, mas se comovem quando a veem. Lembre-se que foi a exposição das cenas da violência policial na Favela Naval (em Diadema-SP), transmitida pela TV, que galvanizou apoio à criação do crime de tortura”, diz.

Meios de comunicação têm relação com resultado da pesquisa, acredita professor da USP

Divulgação / UEMO sociólogo, jornalista e professor de Comunicação da USP, Laurindo Leal Filho, acredita que os programas policialescos da televisão têm influência sobre o resultado da pesquisa. “A gente não tem estes dados, mas dá para intuir que têm uma relação muito próxima. Estes programas sempre existiram na televisão brasileira, mas de dez anos para cá, aumentou o número significativamente. Só em Salvador, no horário de almoço, há programas assim em três emissoras diferentes”, exemplifica.
Laurindo analisa que a apresentação de crimes sem contextualização gera uma banalização da violência. “Isto cria um clima de banalização da violência. A violência passa a se tornar rotineira, porque é apresentada como rotineira, sem causa, sem consequências”, afirma. Além disto, o pesquisador destaca que há uma figura padrão do apresentador destes programas – que geralmente exalta a violência como forma de reprimir a violência.
Os próprios jornalistas nestes programas também costumam atropelar os direitos das pessoas, com auxílio, muitas vezes, das autoridades públicas. “O jornalista age como justiceiro. Age como polícia e Justiça. Acompanha a ação policial, interroga, julga”, diz o professor.
“A imprensa joga com isso com frequência e não são apenas os ‘programas policialescos’. O sensacionalismo do Jornal Nacional, por exemplo, com as matéria de crime é atroz. De uma maneira geral, a imprensa perdeu os pudores de estimular a sensação de medo. Quando o pânico é instaurado, qualquer solução para resolvê-lo parece razoável”, afirma Marcelo Semer.
O senador Paulo Paim, por sua vez, critica programas que usam a violência como forma de lucrar, mas ressalta que não se pode “ir na linha da censura”. Para ele, é preciso trabalhar no sentido de difundir opiniões contrárias, que propaguem a não-violência. “Temos que mudar a cultura das pessoas. Mostrar que a violência permanente nos meios de comunicação não soma nada. Temos que trabalhar a cultura da paz, da não-violência, da solidariedade”.

“Há um nítido esvaziamento da ideia de defesa”, afirma juiz

Juiz Marcelo SemerPara Marcelo Semer, não há apenas a difusão da ideia de que o crime precisa ser combatido de forma violenta, mas também uma minimização do direito de defesa. “Há um nítido esvaziamento da ideia de defesa, que passa por um certo moralismo do senso comum, também estimulado pelos meios de comunicação”, diz.

Os exemplos que Semer dá estão na ordem do dia, como o desrespeito do direito ao silêncio que tem se observado na CPI do Cachoeira. “O direito ao silêncio é tratado como se fosse uma malcriação; o sigilo da intimidade como a proteção do ilícito (‘quem não deve não teme’), a escolha de um advogado como um ilícito. Há nitidamente a criação, por parte da imprensa, e também dos políticos que passam a definir suas políticas por ‘pesquisas de opinião’, de um novo macarthismo: a todo momento queremos expor nomes e listas de quem não cumpre suas funções ou tem processos, ou foi ‘citado’ em inquéritos e aí por diante. Somos levados a acreditar que isso vai nos salvar de algo, mas apenas nos enreda ainda mais na cultura da perseguição, delação e preconceito”, opina.
Semer ressalta que o comportamento dos juízes, em geral, não embarca nesta onda. “Felizmente, o papel do juiz, neste campo, é contramajoritário. Não se julga direito penal por pesquisa de opinião. E a democracia não é apenas o governo da maioria, mas, sobretudo, o respeito aos direitos individuais, mesmo contra a vontade da maioria. Espanta-me quando a sociedade passa a aceitar tais restrições à defesa; mas apavora mesmo quando os operadores do direito começam a se convencer disso”, diz.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cafezinho, doutor?


O mais problemático da atual greve dos professores das Universidades Federais é afirmarem que há precarização do trabalho docente, sendo que continuam a pedir aos trabalhadores terceirizados que levem o café para as mesas onde se discute a precarização.

         Passa Palavra        

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Greve nas Universidades Federais: BH-Tec da UFMG e suas lições de falta de democracia e transparência

Pouco se sabe sobre a implantação do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec). Fruto de um acordo pré-eleitoreiro em bases pouquíssimas transparentes entre o antigo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), o ex-governador Aécio Neves (PSDB) e a UFMG, o tal Parque Tecnológico está transformando uma enorme área verde pública na região da Pampulha em espaço de uso privilegiado da iniciativa privada. Empresas de base tecnológica contarão com uma série de incentivos para lá se instalarem. É provável que esse acordo obscuro tenha tido a participação de pessoas que se dizem ambientalistas ou até de esquerda. A hipocrisia, a falsidade e o individualismo refletido na má distribuição de renda e oportunidades sociais não costumam ter preferências ideológicas nem intelectuais. 

Um dos maiores entusiastas deste obscuro projeto é o atual reitor da UFMG, Clélio Campolina. Clélio Campolina foi escolhido como o primeiro presidente da comissão de implantação da BH-Tec sem nenhuma consulta à comunidade universitária. Um grupo de iluminados simplesmente decidiu numa sala o destino daquela área e a população da cidade está condenada, então, a assistir passiva a entrega de uma área pública para usofruto de empresários. Empresários que não se cansam de reclamar do estado e do alto custo dos  impostos, mas que contam com generoso financiamento do BNDES para lá se instalarem. Nada mais natural no reino do Brasil, muitos diriam.

Pois bem. Enquanto enfrenta uma séria ameaça de greve de funcionários (contra o autoritarismo da reitoria) e professores (contra o governo federal), assim como outras universidades federais, a UFMG vem também, há anos, servindo de escada para grupos de interesses ligados a estratos conservadores da sociedade, privatistas e direitistas por natureza. Essa gente que vive de bolsas e projetos das fundações privadas que sugam o dinheiro público é o mesmo tipo de gente que crivava como assistencialismo populista o bolsa-família quando este foi lançado; ou que evoca uma tal "lei" para massacrar famílias pobres como no Pinheirinho (SP) ou Carajás (PA); ou ainda que diz - e ensina - ser contra a corrupção. Exemplos mais claros são os casos das ex-reitoras Vanessa Guimarães Pinto e Ana Lúcia Gazzola. Ambas ocuparam o cargo de Secretárias Estaduais da Educação de governos conservadores em Minas Gerais e combateram com a Polícia Militar os professores estaduais. Mas outros casos há também, inumeráveis, de reitores e seus ex-assessores, todos bem informados e articulados professores universitários ostentando seus títulos de doutorado e usando do espaço educativo privilegiado da universidade pública para fazerem seus sorrateiros vôos em busca de cargos e verbas públicas, sempre procurando a oportunidade mais vantajosa política e financeiramente e que lhes dêm cada vez mais poder e influência, num círculo vicioso que parece não ter fim.

Entre algumas medidas do atual reitorado tucano da UFMG encontram-se: a diminuição do bônus social no vestibular (sim, você não leu errado); a perseguição a grupos políticos de alunos e funcionários, a implantação seletiva do ponto eletrônico; a completa recusa em dialogar com a comunidade universitária em questões de relevante interesse social, como a implantação da EBSERH; a invasão do campus pela polícia no caso IGC (coisa que nem na ditadura aconteceu) e dezenas e cotidianas pequenas tomadas de decisões arbitrárias que fazem apenas reafirmar o espaço corenalesco em que alguns professores universitários da reitoria tem transformado parte da UFMG e outras instituições públicas de ensino. Com isso, o debate de ideias, que sempre embasou o motivo de ser e no qual se definiu o próprio espírito de vida universitária vão sendo, pouco a pouco, excluídos do cotidiano estudantil.

O pior é que isto vem sendo acompanhado de algo ainda mais temerário que é a substituição do enfrentamento de ideias pela verdade travestida em argumentos jurídicos, do tipo: "o reitor não é obrigado por lei a ouvir ninguém" ou "o reitor/prefeito/governador tem poder, pela lei, para fazer isso e aquilo"; ou em síntese: "a lei determina". A lei. Eis o perigo. Sempre ela, diria Kafka ou Freud, a justificar nas mais convenientes situações algumas bem selecionadas ações. A pior lei é a lei conveniente.

A pergunta que fica é: o reitor da UFMG, Clélio Campolina, cuja meta principal atual parece ser a implantação do ponto eletrônico apenas para os funcionários (e ele jura que só cumpre a lei), irá prestar algum esclarecimento à sociedade sobre a entrega da área, seus custos e o retorno que trará para a sociedade? De que forma foram tomadas estas decisões?  Quais os cargos e os salários dos membros da equipe? Quanto já foi gasto na implantação? Qual a participação, em valores, da Fundep? O que a UFMG e a sociedade ganham com tal doação não poderia ser conseguido de outra forma, mantendo-se o patrimônio e a área verde?

Parece-me, mas só parece, que a lei existe para responder algumas destas perguntas também, não? Ou estou enganado?


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Escracho em Belo Horizonte

Foi no luxuoso bairro Belvedere em Belo Horizonte. Mas poderia ter sido no seu:



Agora, a reação de um dos vizinhos:
 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Música e surdez

Quando me chamaram para dar aula de música para um aluno surdo, há uns dias atrás, eu imediatamente lembrei da Evelyn Gleinne, uma percussionista com surdez profunda de quem já falei aqui no blog. Ver suas apresentações me ajuda a relativizar as posições de quem  define o surdo a partir do ouvinte (como o "não"-ouvinte) ou como um ser doente que precisa de tratamento. É música de verdade. Porque acho que ouvintes e surdos compartilham do mesmo espaço-tempo, mas também pertencem a mundos distintos que só têm a ganhar, desculpem o trocadilho, se escutarem mais uns aos outros.

Você verá ela tocando com o Fred Frith no documentário Touch the Sound num trecho de pura sensibilidade.

 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Vídeo-experiência sobre o fluxo de cores em Van Gogh


Programa criado pelo artista Petros Vrellis, usando openframeworks, cria uma nova forma de observar e interagir com a noite estrelada. Muito interessante.



Noite Estrelada sobre o Ródano, óleo em tela de Vincent Van Gogh de 1888.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A música e a letra


Os pássaros pousados na pauta dos fios do telégrafo,

Eles é que vão sucessivamente improvisando

- um após outro -

A letra e a música dos ventos...

[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]





Eles passarão. Eu, passarinho.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Especulação imobiliária engole última área verde da cidade | Carta Capital

Veja reportagem da revista Carta Capital sobre as negociatas do milionário prefeito socialista de Belo Horizonte para acabar com a última grande área verde da capital. Márcio Lacerda é apoiado pelo PT e pelo PSDB. Deve ser apoiado pelo PV também, não sei. 



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Recordar é viver

Palavra de amigo, em meio a outros 44 que subiram na tribuna:

 “Vossa Excelência é um homem digno, sempre agiu dessa forma em todos os cargos públicos que ocupou. E digo mais, Vossa Excelência, senador Demóstenes, é dos mais preparados e destemidos homens públicos deste país. E, por isso mesmo, dos mais respeitados.”  Aécio Neves (PSDB). 

Aécio sempre é visto em boas companhias. Como na foto abaixo a esquerda, muitos já esqueceram até seu nome. O preferido por FHC para a presidência andou por Paris recentemente, talvez comemorando o beijo que não ganhará de Serra nas próximas eleições.

Pergunte à população de Belo Horizonte sobre seu atual prefeito, um ex(?)-assessor de Aécio, ou sobre o atual governador de Minas, outro assessor. Ambos estão entre as obras mais transformadoras desse moço, mas concorrendo pau a pau com um prédio enorme e alguns viadutos. Depois chamam a Dilma de poste.



domingo, 1 de abril de 2012

Cabo Copyleft

Uma crítica à pausterização da cultura digital, internética, partindo de uma das principais vozes desse cenário nos anos 90 e 2000, indica que alguma nova consciência pode estar nascendo. Um pouco mais crítica talvez. Ou simplesmente irônica. Tire sua próprias conclusões escutando abaixo, pois "na era internética o capeta se transfigurou numa pseudo-assombração acadêmica":

terça-feira, 27 de março de 2012

Mr. Dops e a Comissão da Verdade

Um bom cristão deveria fazer valer a verdade. Nem sempre é bem assim. Leia a matéria da Agência Pública com o Mr. Dops e saiba o porquê.

Por Marina Amaral
Nossa repórter passou mais de 15 horas entrevistando um dos poucos delegados do DOPS ainda vivos, entre os que atuaram nos anos mais duros da ditadura. Enfrentou resistência, informações desencontradas e até um suposto pacto de silêncio – um embate que antecipa os desafios da Comissão da Verdade
Aos 80 anos, José Paulo Bonchristiano conserva o porte imponente dos tempos em que era o “doutor Paulo”, delegado do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo, “o melhor departamento de polícia da América Latina”, não se cansa de repetir.“O DOPS era um órgão de inteligência policial, fazíamos o levantamento de todo e qualquer cidadão que tivesse alguma coisa contra o governo, chegamos a ter fichas de 200 mil pessoas durante a revolução”, diz, referindo-se ao golpe militar de 1964, que deu origem aos 20 anos de ditadura no Brasil.
Embora esteja aposentado há 27 anos, não há nada de senil em sua atitude ou aparência. Os olhos astutos de policial ainda dispensam os óculos para perscrutar o rosto do interlocutor, endurecendo quando o delegado acha que é hora de encerrar o assunto.
Bonchristiano gosta de dar entrevistas, mas não de responder a perguntas que lancem luz sobre os crimes cometidos pelo aparelho policial-militar da ditadura do qual participou entre 1964 e 1983: prisões ilegais, sequestros, torturas, lesões corporais, estupros e homicídios que, segundo estimativas da Procuradoria da República, vitimaram cerca de 30 mil cidadãos. Destes, 376 foram mortos, incluindo mais de 200 que continuam até hoje desaparecidos.
Os arquivos do DOPS se tornaram públicos em 1992, mas muitos documentos foram retirados pelos policiais quando estavam sob a guarda do então diretor da Polícia Federal e ex-diretor geral do DOPS, Romeu Tuma. Entre os remanescentes estão os laudos periciais falsos, produzidos no próprio DOPS, que transformavam homicídios cometidos pelos agentes do Estado em suicídios, atropelamentos, fugas. No caso dos desaparecidos, os corpos eram enterrados sob nomes falsos em valas de indigentes em cemitérios de periferia.
Globo, Folha, Bradesco – e Niles Bond
Bonchristiano é um dos poucos delegados ainda vivos que participaram desse período, mas ele evita falar sobre os crimes. Prefere soltar o vozeirão para contar casos do tempo em que os generais e empresários o tratavam pelo nome. Roberto Marinho, da Globo, diz, “passava no DOPS para conversar com a gente quando estava em São Paulo”, e ele podia telefonar a Otávio Frias, da Folha de S. Paulo “para pedir o que o DOPS precisasse”. Quando participou da montagem da Polícia Federal em São Paulo, conta, o fundador do Bradesco mobiliou a sede, em Higienópolis: “Nós do DOPS falamos com o Amador Aguiar ele mandou por tudo dentro da rua Piauí, até máquina de escrever”.
O “doutor Paulo” sorri enlevado ao lembrar dos momentos passados com o marechal Costa e Silva (o presidente que assinou o AI-5 em dezembro de 1968, suspendendo as garantias constitucionais da população). “O Costa e Silva, quando vinha a São Paulo, dizia: ‘Eu quero o doutor Paulo Bonchristiano’”, e imita a voz do marechal – ele adora representar os casos que conta.
“Eu fazia a escolta dele e ele me chamava para tomar um suco de laranja ou comer um sanduíche misto na padaria Miami, na rua Tutóia, vizinha ao quartel do II Exército. Todo mundo querendo saber onde estava o presidente da República, e eu ali”, delicia-se.
Gaba-se de ter sido enviado para “cursos de treinamento em Langley” nos Estados Unidos, pelo cônsul geral em São Paulo, Niles Bond, que admirava a “eficiência” da polícia política paulista. E o chamava de “Mr. Dops”.
Orgulha-se também de outro apelido – “Paulão, Cacete e Bala” – que diz ter saído da boca dos “tiras” quando “caçava bandidos” na RUDI (Rotas Unificadas da Delegacia de Investigação), no início da carreira, com um “tira valente” chamado Sérgio Fleury. Anos depois, os dois se reencontrariam na Rádio Patrulha, de onde saiu a turma do Esquadrão da Morte, levada para o DOPS em 1969, quando Fleury entrou no órgão.
“Polícia é polícia, bandido é bandido”, diz Bonchristiano. “Para vocês de fora é diferente, mas para nós, acabar com marginal é uma coisa positiva. O meu colega Fleury merecia um busto em praça pública”, afirma, sem corar.
O delegado Sérgio Fleury e sua turma de investigadores se celebrizaram por caçar, torturar e matar presos políticos no DOPS, enquanto continuavam a exterminar suspeitos de crimes comuns no Esquadrão da Morte.
Conversas gravadas
No decorrer de nove tardes passadas, entre junho de 2010 e janeiro deste ano, em seu apartamento no Brooklin, no 13º andar de um prédio de classe média alta, aprendi a escutar com paciência os “causos” que “doutor Paulo” narra com humor feroz, até extrair informações relevantes. Repetidas vezes eu as confrontava com livros e documentos e voltava a inquiri-lo; a proposta era que ele se responsabilizasse pelo que dizia.
De certo modo, meu embate com o “doutor Paulo” antecipava as dificuldades que serão enfrentadas pela Comissão da Verdade, a ser instalada em abril para apurar fatos e responsáveis – sem punição penal prevista – pelas violações de direitos humanos cometidas pelo Estado entre 1946 e 1988, abrangendo o período da ditadura militar. O objetivo da comissão é devolver aos cidadãos brasileiros um passado que ainda não se encerrou, como provam os desaparecidos, e impedir que funcionários públicos sigam mantendo segredo sobre atos praticados a mando do Estado.
A fragilidade da lei em pontos cruciais, porém, provoca ceticismo nas organizações de direitos humanos, em especial ao permitir o sigilo de depoimentos – ferindo o direito à transparência pública –, e ao não prever punições aos responsáveis pelos crimes, nem mesmo medidas coercitivas para os que se recusarem a depor.
Para continuar a ler a matéria clique aqui.
Charge do Angeli


sexta-feira, 23 de março de 2012

Os números da criminalidade e o suicídio

Sabe o caso daquela promotora cujo marido suicidou-se com 26 facadas? Sabe interpretar um gráfico de redução de criminalidade, como os do CRISP da UFMG? Pois então, a reportagem a seguir, publicada no Jornal Hoje em Dia, ajuda a esclarecer o misterioso suicídio de 26 facadas e lança luzes sobre outros casos igualmente misteriosos. E mostra que a polícia mineira tem aprendido muito com seus vizinhos Rio e São Paulo na manipulação de registros dos Boletins de Ocorrências (B.O.) para atingir as metas de "redução" determinadas por seus governadores.

Leiam aqui a matéria do jornal.


E desconfie sempre quando interpretar um gráfico de queda como este:

segunda-feira, 19 de março de 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

Salada, feijoada e outras misturas

Os mais maldosos diriam que só o pezinho. Mas o fato é que o milionário prefeito socialista de Belo Horizonte, aquele que é apoiado ao mesmo tempo, podem acreditar, por tucanos e petistas, sancionou no fim de 2011 o importante Dia Municipal da Feijoada. A partir de agora,  todo dia 18 de maio os restaurantes de Belo Horizonte serão incentivados a servir o brasileríssimo prato. Ufa, até que enfim tomaram alguma providência para melhorar a vida dos belorizontinos!

Talvez seja mesmo um projeto de grande utilidade. Só não sei se pública ou particular. O magnífico plano foi autoria do vereador Edinho do Açougue (PTdoB), que antes destas ideias brilhantes era comerciante do ramo de carnes há mais de 20 anos, ali da região do Bairro São Bernardo. Legislar para a cidade? Sim, talvez, depois, quem sabe....

E de tão importante, o projeto ganhou adesões de outros colegas da Câmara, que também assinaram como autores. Segundo notícia publicada no portal IG (veja aqui), para justificar a nova lei o vereador citou a tradição de se comer feijoada no Mercado Central, e saiu-se com a seguinte pérola:  

"... hábito de promotores, juízes, procuradores, desembargadores, médicos, engenheiros e outros segmentos da sociedade civil que, entre uma caipirinha e outra, um chopp e outro, se lambuzam com pezinho, a costelinha, e outros ingredientes tradicionais que fazem parte desse prato”.

O vereador que comanda a casa para o milinário prefeito socialista apoiado pelo PT chama-se Léo Burguês, e é do PSDB. Precisa dizer mais? Essa salada, digo, feijoada não poderia ser pior.  A única coisa boa por enquanto foi a coxinha da madastra, a música (clique aqui para saber).

O fato é que com socialistas deste naipe ninguém precisa mais combater nem o comunismo nem o capitalismo.


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quarta-feira, 7 de março de 2012

Chaplin, boxe e outras lutas

Aula de cinema e de dança, esta é uma das cenas mais ensaiadas e difíceis de Chaplin. A trilha sonora foi composta pelo próprio, um multiartista que detinha uma leveza que falta nos agressivos dias de hoje. Talvez a prova mais recente são os eventos UFC. Chaplin conseguiu transformar um "esporte" da natureza do boxe numa cena lírica, poética, engraçada. Mas duvido se conseguiria o mesmo com o MMA.






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sexta-feira, 2 de março de 2012

Da tristeza


Hélio Leites from Cesar Nery on Vimeo.

O que é tristeza pra você? Série de Mini-Documentários que circundam o projeto Thomás Tristonho, cujo carro-chefe é um curta-metragem de mesmo nome.

Os artistas envolvidos nele revelam suas perspectivas a respeito do tema Tristeza, enquanto somos apresentados aos seus traços. http://www.thomastristonho.com.br

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Justiça questiona privatização da saúde em BH



 
 
O Prefeito de Belo Horizonte quer privatizar a saúde através das PPPs – Parceirias Público Privada, e JUSTIÇA pede impugnação de licitação.

Carta à população
 
Desde que tomou posse, o Prefeito Márcio Lacerda ficou conhecido pela população de Belo Horizonte, como homem que mantém fortes ligações com setor empresarial. Durante os 3 anos  a frente do governo foi denunciado diversas vezes por colocar o patrimônio público a serviço de grupos do setor privado.
 
Entre as propostas para passar o dinheiro publico para os empresários, destaca-se as PPPs nas áreas da saúde e educação. Sob o argumento que precisa construir e melhorar os serviços de saúde, estes serviços serão repassados para exploração do setor privado e este será muito bem pago. A previsão é que o esquema das PPPs receberá mais de 2 bilhões dos cofres públicos nos próximos anos.
 
Para viabilizar as PPPs na saúde, o prefeito teve que apresentar o projeto no Conselho Municipal de Saúde e também na Câmara Municipal. Com os vereadores o negocio foi fácil, pois grande parte deles também tem relações privilegiadas com o setor privado. No Conselho Municipal de Saúde, houve intensa discussão contra as PPPs, mas ao final foram aprovadas duas resoluções de número 292/2011 e 307/2011, que estabeleceram condições para o funcionamento das PPPs. Entre estas condições: de que as ações de saúde continuariam sendo prestados pelo setor público e que tudo deveria ser feito de acordo as leis federais e estaduais.
 
Logo nas primeiras medidas para implantar as PPPs na área da saúde, apareceram os cambalachos e indícios de negócios obscuros na proposta de licitação. Diante dos fatos, membros do Fórum em Defesa da Saúde e Sindicatos, decidiram denunciar a situação à Justiça.

Em uma ação rápida, o Promotor de Justiça decidiu impugnar a licitação numero 008 de implantação de  PPPs, pois a mesma estava em desacordo com as deliberações do Conselho Municipal de Saúde e com as leis federais.
 
Diante da impugnação a prefeitura tenta manipular as reuniões do Conselho de Saúde, pressionando também os conselheiros para que aceitem novas regras para as PPPs e assim façam a vontade do governo Márcio Lacerda e seus amigos empresários.
 
O Fórum em Defesa da Saúde e várias entidades, por ocasião da Conferencia Municipal de Saúde, se posicionaram contra as PPPs, pois sabiam que o objetivo da prefeitura era privatizar os serviços de saúde e como conseqüência deixar a população desamparada depois de alguns anos.  A Conferência Nacional de Saúde realizada recentemente em Brasília com centenas de usuários da saúde também se posicionou contra as PPPs na  área saúde.
 
Convidamos a população a participar da luta contra a privatização da saúde em Belo Horizonte, e exigir dos governantes melhorias e ampliação dos serviços prestados nos centros de saúde, policlínicas e hospitais. É preciso reagir contra a entrega do dinheiro dos impostos que pagamos para aqueles que querem obter lucro com a nossa saúde.
 
A prefeitura precisa respeitar a população. As obras do Orçamento Participativo devem  ser realizadas imediatamente, concursos públicos são necessários para que o atendimento nas unidades de saúde possam ser mais dignos.
 
Todos merecem uma saúde de qualidade!

 
 
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O milionário socialista

Apoiamos todos os movimentos contra o milionário prefeito socialista de Belo Horizonte. Veja abaixo a lista de alguns absurdos do ex-assessor (ex?) de Aécio. O prefeito chegou a vender uma rua para a iniciativa privada. A sua administração é um desastre para a trajetória  da cidade e representa também a falta de critérios de aliança no projeto de poder do new-PT, também aliado do prefeito.

Por Movimento Fora Lacerda

Márcio Lacerda foi apresentado à população de BH nas eleições de 2008 por Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), contrariando suas relações partidárias, adversárias, e qualquer coerência política. Diante da falta de opção, pois os outros candidatos não apresentaram proposta de governo relevante, Lacerda foi eleito. O que aconteceu em seguida foi surpreendente: programas sociais foram suspensos ou reduzidos, sem avaliar a sua importância para a população. Assim, a Secretaria de Abastecimento foi dilacerada e programas de Seguridade Alimentar finalizados. Além de desestruturar diversos programas sociais, Lacerda quer implantar Parcerias Público Privadas (PPPs) para a Saúde e a Educação em BH. A terceirização de serviços básicos vai deixar a população a mercê de empresas privadas e sem nenhuma garantia de qualidade e nem a quem reclamar. São tantas as medidas descabidas que vamos apresentá-las em tópicos: 
  • Nomeação do próprio filho, Tiago Lacerda, para a direção do Comitê Local de Organização da Copa 2014; 
  • Gastos de 876 mil reais em aluguel de jatinhos particulares, para deslocamento pelo país; Venda da Rua Musas, no Bairro Santa Lúcia, para a construção de um Hotel para a Copa 2014; 
  • Lançamento de Edital excludente para a Feira Hippie, na tentativa de retirar artesãos tradicionais e substituí-los por ONGs e empresas ligadas ao Prefeito;
  • Mudança da classificação de tráfego das ruas Albita, Bernardo Figueiredo, Ouro Fino, Opala, Oliveira e Cobre, no Bairro Cruzeiro, para viabilizar a construção de um grande shopping onde é atualmente o Mercado Distrital; 
  • Lançamento das PPPs da saúde e educação – o que ainda podemos barrar –, que transferem para a iniciativa pri­vada a construção, a manutenção, a limpeza e a segurança de escolas e centros de saúde; 
  • Aumento dos gastos com publicidade de 4 milhões em 2010, para 32 milhões em 2011; Desapropriação inexplicada do Campo do Santa Tereza, que há mais de 30 anos serve à comunidade; 
  • Obras realizadas sem projetos para minimização de transtornos nas regiões da Savassi e da Av. Pedro I; 
  • Loteamento da Mata dos Werneck – uma das poucas áreas verdes da cidade –, para a construção de hotéis para a Copa. Uma ameaça à sobrevivência do centenário Quilombo Mangueiras e dos últimos fragmentos dos biomas Mata Atlântica e Cerrado ainda preservados; 
  • Intransigência na negociação com as comunidades Dandara, Camilo Torres, Irmã Doroty e Torres Gêmeas, que sofrem pressão e ameaças para desocupar áreas abandonadas que ocuparam, sem que a Prefeitura apresente proposta de indenização ou moradia para as famílias; 
  • Perseguição aos moradores de rua e artesãos nômades, recolhendo seus pertences, documentos, roupas e cober­tores, na tentativa de impedir a circulação destes no centro da cidade;
  • Reforma do Teatro Francisco Nunes prometida em campanha para 2009 e começada apenas em 2011; 
  • Decreto proibindo a realização de eventos na Praça da Estação, depois substituído por outro que cobra pelo uso e exige segurança, limpeza e cerca particular para a Praça, medida que permite apenas que grandes empresas realizem eventos naquele local;
  • Cancelamento do FIT (Festival Internacional de Teatro) 2010, que só foi realizado depois de forte pressão dos artistas. 
Isto sem falar na liberação para construção de prédios com 15 andares na orla da Lagoa da Pampulha e outras coisitas mais. Para ler o manifesto na íntegra     clique aqui.

  Apoiamos o Fora Lacerda!!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Uno grande professor

Durante alguns meses de 2011 e 2012 tive o prazer de dividir algumas aulas de música com o uruguayo Alejandro, el charrúa pelado, professor dos melhores. Sentirei muito sua falta, ele irá para São Paulo. É uma pena que a prefeitura de Belo Horizonte não consiga manter aqui seus bons profissionais. Até o filho do prefeito, que deve ser muito competente, ganhou e já perdeu uma vaguinha no comitê da Copa do Mundo através da prefeitura. Mas, bom, espero que o Alejandro continue cantando tangos, ensinando os sambas, os candombes e tudo o mais para os felizardos alunos paulistanos com a mesma simplicidade e competência que fez em Belo Horizonte.

Abaixo, uma apresentação no encerramento do ano letivo de 2011. Na verdade, é um registro que deixa um pouco a desejar na qualidade técnica, que coloquei mais para homenagear essa grande pessoa. Ele canta o bonito tango "Uno" ao violão, com acompanhamento de flauta. Uno, além de uma bela melodia possui uma letra muito boa. Sucesso ao careca uruguaio.


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