segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Praia da Estação na TV

Veja a cobertura da TV Gambiarra sobre o encontrão de 1 ano do Praia da Estação. 

A população de Belo Horizonte se une em defesa do espaço público, cujo uso a prefeitura proibiu. 

Aos gritos de "Ei, polícia, a praia é uma delícia!" os manifestantes provam que a praça é nossa.




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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sociedade, mídia e futebol

Uma questão fundamental nas negociações dos direitos de transmissão do futebol têm sido neglicenciada: as relações entre a sociedade e o futebol. Tanto a Rede Globo como a Record enxergam no futebol apenas uma fonte a mais de lucro. Nisso embarcam a quase totalidade dos jornalistas, torcedores e dirigentes de clube,  preocupados mais em engordar suas contas bancárias do que propriamente com o futebol.

O futebol brasileiro é estruturador de imagens e representações sociais, estereótipos e contra-estereótipos, tanto positivos quanto negativos; é suficientemente rico e deveria ser capaz de despertar um interesse maior por parte do estado e dos movimentos sociais. Interesse que deveria se refletir em ações concretas não apenas no plano econômico como também no simbólico.

Se, do ponto de vista da sociedade, não há dúvidas que o futebol segue sendo central no imaginário nacional, o mesmo não se pode dizer do ponto de vista do estado. O que vemos é uma total complacência com a apropriação privada de algo que perpassa outros âmbitos da vida social, inclusive a esfera pública (1). Não  desconhecendo o possível caráter privado e outras particularidades econômicas das agremiações esportivas, que devemos, é claro, reconhecer. Mas, é preciso ampliar o leque de análise para a compreensão do que está em jogo nesse momento, em que se negociam os direitos de transmissão da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol a partir de 2012. É preciso que se incluam outras questões nestas negociações. Porque negociam-se direitos econômicos sim, ok, concordamos. Mas, também representações sociais, símbolos, identidades coletivas e história.

Por isso, seriam benvindas, a meu ver, medidas como uma oferta estatal na briga pela compra dos direitos de transmissão do futebol. Porque só a Globo e a Record se arriscam a negociar? Onde está a TV Pública nesse momento? Onde estão os defensores de liberdade de imprensa? Qual o papel da EBC e da TV Brasil no esporte nacional?

Semelhantemente ao já feito na Argentina, deveríamos incentivar o estado a investir o dinheiro do cidadão naquilo que é importante para ele. Isso afetaria diretamente a compra e venda do direito de transmissão das imagens, sem dúvida. Mas também, e mais importante, começaria a tocar em outras questões negligenciadas como: a corrupção nos meios esportivos; as associações entre dirigentes e empresários com máfias internacionais e com o narcotráfico; o tráfico de armas e a lavagem de dinheiro feitas através do futebol (2).

Portanto, defendo que deveríamos reivindicar do governo brasileiro que tenha uma postura mais ativa e propositiva, e faça uma oferta para compra e transmissão das partidas da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol. Quem sabe começe, assim, a peitar os grandes grupos empresariais como fez o governo argentino com o Clarín.

1 - Não se deve confundir o público com o estatal: apenas defendo que o governo brasileiro, como mantenedor de uma TV Pública,  deveria  ser alvo de reinvindicações sociais que dizem respeito à esfera pública.

2 - Após escrever esse texto, publicado no Blog do Nassif,  tomei conhecimento desta notícia relacionada.
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

EXCLUSIVO: Brasileiros entrevistam fundador do Wikileaks


"Eu te dou informações privadas sobre corporações de graça e sou um vilão. Mark Zuckerberg dá as suas informações privadas para corporações por dinheiro - e ele é o 'Homem do Ano' , dispara  Julian Assenge sobre a eleição feita pela Revista Times, reproduzindo uma piada que ele ouviu no programa Saturday Night Live.  

Nosso blog publica, em primeira mão, entrevista que Assenge concedeu a internautas do Brasil. O material abaixo não está disponível em nenhum jornal ou revista. Apenas em blogs. Uma bela iniciativa da Natália Vianna. 

Julian, que enfrenta um processo na Suécia por crimes sexuais e atualmente vive sob monitoramento em uma mansão em Norfolk, na Inglaterra, concedeu a entrevista para internautas que enviaram perguntas ao blog da Natália. Ela selecionou doze, dentre as cerca de 350 que recebeu, privilegiando perguntas muito repetidas, perguntas originais e aquelas que não querem calar. Infelizmente, nem todos foram contemplados.  Julian teve tempo de responder por escrito e aprofundar algumas questões. 

Ao final, os brasileiros não deram mole para o criador do WikiLeaks. A seguir, a entrevista:

Vários internautas - O WikiLeaks tem trabalhado com veículos da grande mídia – aqui no Brasil, Folha e Globo, vistos por muita gente como tendo uma linha política de direita. Mas além da concentração da comunicação, muitas vezes a grande mídia tem interesses próprios. Não é um contra-senso trabalhar com eles se o objetivo é democratizar a informação? Por que não trabalhar com blogs e mídias alternativas?

Por conta de restrições de recursos ainda não temos condições de avaliar o trabalho de milhares de indivíduos de uma vez. Em vez disso, trabalhamos com grupos de jornalistas ou de pesquisadores de direitos humanos que têm uma audiência significativa. Muitas vezes isso inclui veículos de mídia estabelecidos; mas também trabalhamos com alguns jornalistas individuais, veículos alternativos e organizações de ativistas, conforme a situação demanda e os recursos permitem.

Uma das funções primordiais da imprensa é obrigar os governos a prestar contas sobre o que fazem. No caso do Brasil, que tem um governo de esquerda, nós sentimos que era preciso um jornal de centro-direita para um melhor escrutínio dos governantes. Em outros países, usamos a equação inversa. O ideal seria podermos trabalhar com um veículo governista e um de oposição.

Marcelo Salles – Na sua opinião, o que é mais perigoso para a democracia: a manipulação de informações por governos ou a manipulação de informações por oligopólios de mídia?

A manipulação das informações pela mídia é mais perigosa, porque quando um governo as manipula em detrimento do público e a mídia é forte, essa manipulação não se segura por muito tempo. Quando a própria mídia se afasta do seu papel crítico, não somente os governos deixam de prestar contas como os interesses ou afiliações perniciosas da mídia e de seus donos permitem abusos por parte dos governos. O exemplo mais claro disso foi a Guerra do Iraque em 2003, alavancada apela grande mídia dos Estados Unidos.

Eduardo dos Anjos - Tenho acompanhado os vazamentos publicados pela sua ONG e até agora não encontrei nada que fosse relevante, me parece que é muito barulho por nada. Por que tanta gente ao mesmo tempo resolveu confiar em você? E por que devemos confiar em você?

O WikiLeaks tem uma história de quatro anos publicando documentos. Nesse período, até onde sabemos, nunca atestamos ser verdadeiro um documento falso. Além disso, nenhuma organização jamais nos acusou disso. Temos um histórico ilibado na distinção entre documentos verdadeiros e falsos, mas nós somos, é claro, apenas humanos e podemos um dia cometer um erro. No entanto até o momento temos o melhor histórico do mercado e queremos trabalhar duro para manter essa boa reputação.

Diferente de outras organizações de mídia que não têm padrões claros sobre o que vão aceitar e o que vão rejeitar, o WikiLeaks tem uma definição clara que permite às nossas fontes saber com segurança se vamos ou não publicar o seu material.

Aceitamos vazamentos de relevância diplomática, ética ou histórica, que sejam documentos oficiais classificados ou documentos suprimidos por alguma ordem judicial.
Vários internautas - Que tipo de mudança concreta pode acontecer como consequência do fenômeno Wikileaks nas práticas governamentais e empresariais? Pode haver uma mudança na relação de poder entre essas esferas e o público?
James Madison, que elaborou a Constituição americana, dizia que o conhecimento sempre irá governar sobre a ignorância. Então as pessoas que pretendem ser mestras de si mesmas têm de ter o poder que o conhecimento traz. Essa filosofia de Madison, que combina a esfera do conhecimento com a esfera da distribuição do poder, mostra as mudanças que acontecem quando o conhecimento é democratizado.

Os Estados e as megacorporações mantêm seu poder sobre o pensamento individual ao negar informação aos indivíduos. É esse vácuo de conhecimento que delineia quem são os mais poderosos dentro de um governo e quem são os mais poderosos dentro de uma corporação.

Assim, o livre fluxo de conhecimento de grupos poderosos para grupos ou indivíduos menos poderosos é também um fluxo de poder, e portanto uma força equalizadora e democratizante na sociedade.
Marcelo Träsel - Após o Cablegate, o Wikileaks ganhou muito poder. Declarações suas sobre futuros vazamentos já influenciaram a bolsa de valores e provavelmente influenciam a política dos países citados nesses alertas. Ao se tornar ele mesmo um poder, o Wikileaks não deveria criar mecanismos de auto-vigilância e auto-responsabilização frente à opinião pública mundial?
O WikiLeaks é uma das organizações globais mais responsáveis que existem.

Prestamos muito mais contas ao público do que governos nacionais, porque todo fruto do nosso trabalho é público. Somos uma organização essencialmente pública; não fazemos nada que não contribua para levar informação às pessoas.

O WikiLeaks é financiado pelo público, semana a semana, e assim eles “votam” com as suas carteiras.

Além disso, as fontes entregam documentos porque acreditam que nós vamos protegê-las e também vamos conseguir o maior impacto possível. Se em algum momento acharem que isso não é verdade, ou que estamos agindo de maneira antiética, as colaborações vão cessar.

O WikiLeaks é apoiado e defendido por milhares de pessoas generosas que oferecem voluntariamente o seu tempo, suas habilidades e seus recursos em nossa defesa. Dessa maneira elas também “votam” por nós todos os dias.
Daniel Ikenaga - Como você define o que deve ser um dado sigiloso?
Nós sempre ouvimos essa pergunta. Mas é melhor reformular da seguinte maneira: "quem deve ser obrigado por um Estado a esconder certo tipo de informação do resto da população?"

 A resposta é clara: nem todo mundo no mundo e nem todas as pessoas em uma determinada posição. Assim, o seu medico deve ser responsável por manter a confidencialidade sobre seus dados na maioria das circunstâncias - mas não em todas.

Vários internautas - Em declarações ao Estado de São Paulo, você disse que pretendia usar o Brasil como uma das bases de atuação do WikiLeaks. Quais os planos futuros?  Se o governo brasileiro te oferecesse asilo político, você aceitaria?

Eu ficaria, é claro, lisonjeado se o Brasil oferecesse ao meu pessoal e a mim asilo político. Nós temos grande apoio do público brasileiro. Com base nisso e na característica independente do Brasil em relação a outros países, decidimos expandir nossa presença no país. Infelizmente eu, no momento, estou sob prisão domiciliar no inverno frio de Norfolk, na Inglaterra, e não posso me mudar para o belo e quente Brasil.

Vários internautas - Você teme pela sua vida? Há algum mecanismo de proteção especial para você? Caso venha a ser assassinado, o que vai acontecer com o WikiLeaks?

Nós estamos determinados a continuar a despeito das muitas ameaças que sofremos. Acreditamos profundamente na nossa missão e não nos intimidamos nem vamos nos intimidar pelas forças que estão contra nós.

Minha maior proteção é a ineficácia das ações contra mim. Por exemplo, quando eu estava recentemente na prisão por cerca de dez dias, as publicações de documentos continuaram.

Além disso, nós também distribuímos cópias do material que ainda não foi publicado por todo o mundo, então não é possível impedir as futuras publicações do WikiLeaks atacando o nosso pessoal.

Helena Vieira - Na sua opinião, qual a principal revelação do Cablegate? A sua visão de mundo, suas opiniões sobre nossa atual realidade mudou com as informações a que você teve acesso?
O Cablegate cobre quase todos os maiores acontecimentos, públicos e privados, de todos os países do mundo – então há muitas revelações importantíssimas, dependendo de onde você vive. A maioria dessas revelações ainda está por vir.

Mas, se eu tiver que escolher um só telegrama, entre os poucos que eu li até agora - tendo em mente que são 250 mil - seria aquele que pede aos diplomatas americanos obter senhas, DNAs, números de cartões de crédito e números dos vôos de funcionários de diversas organizações – entre elas a ONU.

Esse telegrama mostra uma ordem da CIA e da Agência de Segurança Nacional aos diplomatas americanos, revelando uma zona sombria no vasto aparato secreto de obtenção de inteligência pelos EUA.

Tarcísio Mender  e Maiko Rafael Spiess - Apesar de o WikiLeaks ter abalado as relações internacionais, o que acha da Time ter eleito Mark Zuckerberg o homem do ano? Não seria um paradoxo, você ser o “criminoso do ano”, enquanto Mark Zuckerberg é aplaudido e laureado?
A revista Time pode, claro, dar esse título a quem ela quiser. Mas para mim foi mais importante o fato de que o público votou em mim numa proporção vinte vezes maior do que no candidato escolhido pelo editor da Time. Eu ganhei o voto das pessoas, e não o voto das empresas de mídia multinacionais. Isso me parece correto.

Também gostei do que disse (o programa humorístico da TV americana) Saturday Night Live sobre a situação: "Eu te dou informações privadas sobre corporações de graça e sou um vilão. Mark Zuckerberg dá as suas informações privadas para corporações por dinheiro – e ele é o 'Homem do Ano’."

Nos bastidores, claro, as coisas foram mais interessantes, com a facção pró- Assange dentro da revista Time sendo apaziguada por uma capa bastante impressionante na edição de 13 de dezembro, o que abriu o caminho para a escolha conservadora de Zuckerberg algumas semanas depois.
Vinícius Juberte - Você se considera um homem de esquerda?
Eu vejo que há pessoas boas nos dois lados da política e definitivamente há pessoas más nos dois lados. Eu costumo procurar as pessoas boas e trabalhar por uma causa comum.  
Agora, independente da tendência política, vejo que os políticos que deveriam controlar as agências de segurança e serviços secretos acabam, depois de eleitos, sendo gradualmente capturados e se tornando obedientes a eles.
Enquanto houver desequilíbrio de poder entre as pessoas e os governantes, nós estaremos do lado das pessoas.
Isso é geralmente associado com a retórica da esquerda, o que dá margem à visão de que somos uma organização exclusivamente de esquerda. Não é correto. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e justiça – e isso se encontra em muitos lugares e tendências.
Ariely Barata - Hollywood divulgou que fará um filme sobre sua trajetória. Qual sua opinião sobre isso?
Hollywood pode produzir muitos filmes sobre o WikiLeaks, já que quase uma dúzia de livros estão para ser publicados. Eu não estou envolvido em nenhuma produção de filme no momento.

Mas se nós vendermos os direitos de produção, eu vou exigir que meu papel seja feito pelo Will Smith. O nosso porta-voz, Kristinn Hrafnsson, seria interpretado por Samuel L Jackson, e a minha bela assistente por Halle Berry. E o filme poderia se chamar "WikiLeaks Filme Noire".
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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Arte suja: chiclete com tinta

Grafites nos chicletes encontrados nas ruas de Londres. O artista chama-se Ben Wilson.





Quer conhecer mais sobre Ben Wilson e outros artistas grafiteiros, acesse a Revista Zupi, indicação do meu amigo Felipe Ávila da Belas-Artes.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Contribuição dos comentários para o blog

O primeiro é um vídeo de um coral esloveno. Como eu sei que temos público fiel na Eslovênia, acho que vão gostar. Mas que nada, não só eles, o vídeo é bem legal e eu acho que outros também vão gostar, branco e preto. Chego logo no final.


Glasba brez meja iz Slovenije v Braziliji
Já o segundo é uma foto. É uma contribuição de minha amiga Silvia de Córdoba. Ela fotografou esses músicos tocando na peatonal um ritmo percussivo e enviou para o blog pois se lembrou desta série aqui. Gracias Silvia. Tente mandar o vídeo também para ouvirmos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Aliança PT e PSDB: o exemplo de Belo Horizonte

Após protagonizar a incrível entrega da prefeitura de Belo Horizonte de mãos beijadas para um aliado dos tucanos, o mega-empresário Márcio Lacerda, o PT mineiro continuou a dar outras seguidas demonstrações de fraqueza, que de tantas nem valem a pena serem enumeradas aqui. Com isso, se até há pouco tempo atrás o PSDB era um partido nocauteado e cada vez menor na capital mineira, recentemente nota-se que ele vem readquirindo forças e conquistando cada vez mais espaço e poder. A ponto do candidato demotucano à presidência, José Serra, ter ganho as eleições no 2o. turno em Belo Horizonte, tradicional reduto esquerdista e terra natal de Dilma Rousseff.
 
Agora, o PT está prestes a perder espaço também no segundo e terceiro escalão  municipal justamente para o PSDB, segundo notícia publicada no dia 12/01 pelo jornal Estado de Minas. Ela diz que o atual prefeito pretende abrir espaço para aliados tucanos na prefeitura através de uma manobra chamada reforma administrativa. Em que pese a suspeitíssima fonte (o jornal é sabidamente comprometido com o projeto tucano), não duvido que isso possa de fato vir a ocorrer. Reforma administrativa é um pleonasmo liberal que já havia caído em desuso, mas que, a exemplo dos tucanos, vem sendo ressuscitado pela incompetência de várias administrações.

Sem projetos locais  realmente transformadores, sem criatividade e ousadia política não se transformará a cultura nem o país. Mas, não nos esqueçamos: o vice-prefeito da capital é do PT, num arranjo até hoje mal explicado demotucanopetista.

No mínimo, poderíamos chamar de desastrada a estratégia da esquerda. Negativamente ela já se faz perceber em "pequenas" atitudes cotidianas como a que proíbe o uso de espaços públicos como o Parque Municipal e a Praça da Estação (exceto para o reveillon da Rede Globo). Atitudes que levadas hipoteticamente a um extremo poderiam, por esta lógica, proibir o uso da própria cidade.



Assim, a esquerda segue entregando sem cerimônias o que resta de suas  árduas conquistas na capital  (será que só na capital?) justamente para os maiores inimigos políticos. Enquanto isso, Patrus Ananias voltou a trabalhar na Assembléia Legislativa em seu cargo concursado e Fernando Pimentel encontra-se feliz em Brasília.

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Humor sob censura: maior jornal do Brasil processa blog

Maior jornal do Brasil processa blog independente e inaugura um novo tipo de censura

Ação inédita na Justiça está sendo boicotada pela mídia brasileira, que é dominada por poucas famílias, e abre um precedente terrível para todos os blogueiros do país.

A exemplo do que aconteceu na eleição do Obama e em outros pleitos na Europa, na recente disputa presidencial brasileira, que terminou com a eleição da candidata de Lula (Dilma Roussef), a internet teve peso inédito na campanha eleitoral. A atuação de centenas de blogs foi especialmente importante porque, em sua maioria, eles apoiaram a candidata de esquerda (Dilma) e, por outro lado, praticamente toda a mídia convencional (rádio, TVs, jornais e revistas) defendeu fortemente o candidato de oposição, José Serra, que formou uma poderosa coalização política-midiática-religiosa conservadora — que acabou derrotada. A importância da Internet ficou óbvia no último dia 24 de novembro, quando Lula concedeu a primeira entrevista de um presidente brasileiro exclusiva para blogueiros. Foi um claro reconhecimento à sua importância e ao contraponto que eles fizeram à mídia tradicional.

Em meio a esse cenário, surgiu em setembro um blog chamado Falha de S.Paulo, uma paródia ao maior jornal brasileiro, a Folha de S.Paulo. Em português, “Folha” é uma das formas de referir-se a um jornal. E “Falha” significa falha. Era um blog recheado de fotomontagens, brincadeiras e críticas ácidas ao noticiário da Folha. Eram críticas sempre bem-humoradas, porém duras. Para se ter uma ideia, uma das montagens de maior sucesso (e mais irônica) punha o rosto do dono do jornal, Otavio Frias Filho, no corpo de Darth Vader. Pois bem: após um mês no ar o jornal entrou na Justiça para censurar o blog. Pior: conseguiu. Ainda pior: além de conseguir cassar o endereço, a Folha abriu um processo de 88 páginas contra os criadores do site, pedindo indenização em dinheiro por danos morais.

O jornal alega “uso indevido de marca”, por causa da semelhança entre os nomes Folha e Falha e porque o logotipo do site era inspirado no do jornal. A paródia foi criada por dois irmãos (Lino e Mário Ito Bocchini) que não têm ligação com nenhum partido político ou qualquer outra entidade. São duas pessoas “avulsas”, o primeiro jornalista e o segundo, designer. E agora os irmãos estão tendo uma dificuldade brutal (e gastando bastante dinheiro) para se defender na Justiça de uma ação volumosa do maior jornal do país. E a previsão dos advogados e professores de direito ouvidos pela dupla é a de que a Folha deve ganhar a ação, mais por ser uma companhia grande e poderosa e menos pelo mérito da questão em si.

Aqui entra o motivo pelo qual os irmãos Bocchini resolveram levar a questão para além das fronteiras do país: no Brasil, menos de 10 famílias dominam os grandes meios de comunicação. E uma dessas famílias é justamente a Frias, que ficou incomodada com a Falha de S.Paulo e suas brincadeiras como a do Darth Vader. Por corporativismo, nunca um órgão de uma família noticia algo relacionado à outra. É uma espécie de tradição brasileira. A censura de um blog, ainda mais seguida de um pedido de indenização, é uma ação judicial inédita no Brasil. Por conta disso, os irmãos Bocchini estão sendo chamados a diversos eventos de comunicação, convidados a dar palestras etc. Estão recebendo muita solidariedade de blogueiros e ativistas por liberdade de expressão de todo país, e figuras públicas como o ex-ministro Gilberto Gil gravaram depoimentos condenando a censura e o processo da Folha. Mesmo assim jornais rádios, TVs e revistas seguem ignorando completamente o assunto.

A preocupação geral é que, se o jornal ganhar essa ação inédita (como tudo indica que vá acontecer), um recado claro estará dado às demais grandes corporações brasileiras, sejam de comunicação ou não: se alguém incomodar você na Internet, invente uma desculpa como essa do “uso indevido de marca”. A Justiça irá tirar o site do ar e ainda lhe conseguir uma indenização em dinheiro. Ou seja, está nascendo um novo tipo de censura em nosso país, justamente pelas mãos de quem vive da liberdade de expressão. E não estamos conseguindo furar o bloqueio da mídia convencional, dominada pelas tais poucas famílias que já dissemos. Por isso só nos resta agora apelar para o exterior.

O novo site dos irmãos Bocchini, o www.desculpeanossafalha.com.br tem todos os detalhes da censura. Os posts são em português, mas lá você confere esse texto em inglês, francês ou espanhol. E pode escrever em qualquer uma dessas línguas para desculpeanossafalha@gmail.com

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domingo, 16 de janeiro de 2011

Abaixo do nível do mar

Foi um informante secreto do nosso blog que, alertado pela lúcida e bela vidente Lúcia Hippólito, descobriu e nos repassou esta informação importante. Conforme prometido à fonte secreta, caso a informação viesse a ser confirmada pela nossa equipe de reportagem, passaríamos a divulgá-la.  E assim o fazemos a partir de agora.

Segundo todos, a causa dos alagamentos constantes na Baixada Fluminense é que parte do local está abaixo do nível do mar.  Como não encontrei o original com a grande Lúcia Hippólito, deixo aqui um trecho e o link para uma outra notícia semelhante, porém, da concorrência (Rede Record). Bom, este dado praticamente deixa a população do Rio sem saída entre a Baixada e a Serra do Mar quando o assunto é enchente, ou melhor, chuva. Isto, quando não tem ressaca nas praias do Rio. Seria sorte da Região Serrana? "A Baixada Fluminense está abaixo do nível do mar e, quando chove, a água fica represada na região, prejudicando os cerca de 4,5 milhões de habitantes", dizem todos: a reportagem do R7, o informante secreto do blog e a simpática Lúcia Hippólito. 

Em respeito a severas leis de liberdade de imprensa não divulgaremos a nossa fonte, o João Eduardo, como já se tornou praxe no blog.
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sábado, 15 de janeiro de 2011

Angeli e os traços lulísticos

Sou fã do cartunista Angeli. Nesta entrevista, ele faz uma análise muito mais completa e profunda do que muita gente que se diz comentarista profissional por aí. Para comparar, basta ver na nossa retrospectiva 2010 publicada aqui.





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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Imagens impressionantes da enchente

Todos concordamos que é um absurdo e que o governo não faz nada. Mas, vejam que imagens impressionantes da enchente flagradas por um canal estrangeiro:


Muitos diriam: O governo não faz nada!! Não passou em nenhum canal daqui!! Um verdadeiro absurdo. Não entendo por que isso aconteceu. Com certeza a culpa disso é do Lula ou de alguém muito próximo a ele. Muitos diriam.



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sobre a enchente no Rio e a Rede Globo

Assistam a esta singela homenagem prestada pelo povo à Rede Globo, durante a posse da presidenta Dilma Roussef. Que me desculpem os flamenguistas, corinthianos e todos aqueles que gostam da Estação Primeira de Mangueira, mas a Globo é um saco. Na enchente do Rio, por exemplo, a sugestão é de que a culpa é, em primeiríssimo lugar, de Deus - esse malvado que manda muita chuva de uma vez só; e, depois, do povo, esse irresponsável que constrói onde não deve construir. Quero ver como vai ficar agora que muitos ricos também tiveram perdas. Aliás, todas as emissoras fazem essa maravilhosa interpretação, a Globo é só a pior.

 É preciso paciência,  eu sei, mas até quando?



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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

PIG AWARDS 2010

Porquinho de Prata (jornais) : FOLHA, com Consumidor pagou R$ 1 bi por falha de Dilma
Porquinho de Prata (revistas): VEJA, com O Grande Imitador
Poquinho de Prata (rádios): JOVEM PAM, com sua Pesquisa-Enquete
Porquinho de Prata (tvs): GLOBO, com sua versão de A agressão ao Serra no Rio
Porquinho de Prata (internet): UOL, com Debate Presidencial com Tucano Neutro
Capa de revista do ano: ÉPOCA, com O Passado de Dilma
Vinheta de tv do ano: GLOBO, com Globo 45 anos http://www.youtube.com/watch?v=HL4cSJSidJs
Transmissão Radiofônica do ano: TRANSAMÉRICA, com Final do Paulistão com comentarista José Serra
Prêmio PUM (serviços prestados ao Pensamento Único da Mídia): ESTADÃO, por ter posto a rebelde Maria Rita Kehl no olho da rua, e dar o exemplo aos que ousem fazer o mesmo, mostrando o destino que os espera, caso isso aconteça.
Prêmio Roberto Marinho (incentivo à Liberdade de Imprensa dos Donos da Mídia): FOLHA, por não permitir que um blog sujo como o FAlha de S. Paulo avacalhe o nome do jornal perante seu crescente universo de leitores e assinantes.
Prêmio especial por reconhecimento ao respeito pelo trabalho dos jornalistas: TV CULTURA, de São Paulo

Do Blog da Maria Frô
por Victor Farinelli
03/01/2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Peatonal Cordobesa IV


Era daqueles saxofonistas mais comuns de se encontrar nas ruas das grandes cidades. Mas, o que me levou a tirar aquela foto é que ele estava tocando "Garota de Ipanema" bem na hora que eu passei. E foi só por isso. Não deve ter sido por um acaso, pensei. Achei um vídeo seu tocando Piazzola, Adiós Nonino.


E assim eu encerro essa pequena série de fotos e vídeos de músicos da Peatonal Cordobesa, por onde passava boa parte dos meus dias há 4 anos atrás e cujos sons trago comigo até hoje.
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Peatonal Cordobesa III

O vídeo abaixo é de um grupo que faz música afro-cordobesa, segundo sua definição. Acho um termo um pouco estranho, mas tudo bem. 

Todos os sábados eles vão para as ruas tocar. Fazia muito frio no dia que  fiz o filminho abaixo, talvez uns 5 graus ou menos. Eu tinha uma regra: sempre que me encontrava com eles eu devia parar para escutar. Eu gostava da proposta que tinham, de tocar nas ruas e de graça. Mas eles também se apresentavam em shows, principalmente do circuito universitário. Outra característica que eu admirava era que eles próprios criam suas músicas; o que pra mim os torna mais interessantes e diferenciados do que a maioria dos músicos de rua, que tocam cover:


É o grupo que mais fotografei. E dentre as fotos, a que mais gostei foi esta, que foi tirada no mesmo dia do vídeo:


O nome do grupo é Palo y Mano.
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Peatonal Cordobesa II

Eu encontrava sempre com esse senhor tocando pelas ruas:


A cada vez, eu tirava uma foto sua. A que mais gostei foi esta porque apareceu alguém, bem na hora do click, que parecia querer tocar também. Para falar a verdade, quase ninguém dava muita bola para este senhor. Muito menos para o que ele tocava. Mas eu achava muito curioso vê-lo com aquele instrumento na rua, coisa incomum para uma harpa.


A harpa é um instrumento gigante e um dos mais antigos de que se tem notícia na história da música, talvez só rivalizando com as antigas flautas feitas de ossos. Segundo a Wikipedia, a harpa rudimentar já era conhecida pelos caldeus, egípcios, gregos e romanos e até hoje representa um importante papel na cultura de alguns povos africanos da região do Saara. Hoje em dia, existe a  harpa sinfônica, que tem 46 ou 47 cordas paralelas e sete pedais, e tem a extensão de seis oitavas.

Um pouco diferente, a arpa paraguaya, como a deste senhor acima, é instrumento diatônico com 32, 36, 38 ou 40 cordas, feita com madeira tropical, com um exagerado arco de pescoço e tocada com as unhas e dedos. Possibilita timbres bastante claros e distintos. A harpa é muito valorizada em alguns países sul-americanos, especialmente o Paraguay, onde foi introduzida pelas missões jesuíticas. Hoje é frequentemente usada para acompanhar canções na língua guaraní.

No Brasil é pouco conhecida e usada. Os harpistas se encontram apenas em grandes orquestras. O professor de harpa de uma universidade mineira, por exemplo, dá aulas somente na sexta e no sábado. É que ele mora em São Paulo, onde também trabalha numa orquestra.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Peatonal Cordobesa

Estava vendo uns vídeos no Youtube e me deu vontade de fazer uma seção nostalgia. Tive a ideia de colocar umas fotos que tirei dos músicos de rua de Córdoba e falar um pouco da história de cada uma. Como essa ao lado.

Então senta, que lá vem a história: O casal de músicos, escondidinho atrás na foto, ganha a vida cantando nas ruas de Córdoba há vários anos. Eles são muito conhecidos por lá. Também cantam em casamentos, batizados, fazem shows no interior e o que mais pintar. Eles só tocavam na rua durante o dia. Peguei o cartão deles e, à noite, quando cheguei em casa, liguei para lhes fazer uma proposta.  Se não me engano, eles se chamam Ivan y Sol, mas não me lembro mais direito pra falar a verdade. Pois, pra minha surpresa, acharam que era trote, provavelmente por causa do meu sotaque, e desligaram.

No dia seguinte, esperei uma manhã inteira até a apresentação deles na peatonal acabar e me aproximei com muito jeito. Enquanto isso fui tirando umas fotos, como a dessas ciganas aí ao lado. Elas estavam procurando a mãe que apareceu, de repende, bem na hora da foto me olhando desse jeito.

Quando, finalmente, eu consegui falar com os músicos, fiz a proposta. Eu me ofereci para tocar flauta com eles, dizendo que estava ali pra isso, pois tinha conseguido uma bolsa etc. e tal. Mas, para minha surpresa, o cara ficou bastante furioso e zangado com minha proposta. Quase me xingou. Talvez tenha até me xingado, mas eu não entendi. Ele dizia de maneira bem rude, quase no limite de uma ofensa ou discussão, a cada argumentação minha: "Não. Nós estamos bem assim." Ou: "Já tocamos há muito tempo desse jeito, só nós dois. Não precisamos de mais ninguém. Tá muito bem assim, etc.e tal."

A princípio, não entendi o porquê daquela reação. Depois, fiquei pensando que ele poderia ter achado que eu queria ganhar dinheiro com a "fama" deles. O problema é que eu não queria um tostão deles. Iria tocar completamente de graça. O que eu queria mesmo era só tocar. De verdade. Ter a experiência de tocar algumas músicas e pronto. Já era bastante pra mim. Eu gostei deles era porque as pessoas pareciam se emocionar muito ao ouví-los, se abraçavam, batiam palmas, o que é muito raro para músicos de rua. Esperava que fossem mais abertos. Esperava que gostassem. Que ao menos me pedissem maiores detalhes, verificassem o que eu poderia oferecer, enfim, que dessem um pouco de atenção ao menos.

Mas, pensando bem depois, deu pra entender sim sua reação tão ríspida. Não deve ser nada fácil ganhar a vida para poder pagar as contas daquela maneira.  Até hoje o músico ainda é visto como uma sub-profissão, coisa de gente que gosta de levar vida fácil.  Digamos também que o deus mercado é muito concorrido. E o mercado era ao ar livre. Tudo isto, talvez, tenha o levado a ser armar daquela forma.

Bem, a música abaixo (Resistiré) e uma outra, que evoca o comandante Che Guevara (Hasta Siempre Comandante), são estrategicamente tocadas pelos personagens da foto acima, especialmente quando o movimento fica fraco e as moedinhas começam a minguar. O áudio não está lá muito bom, mas dá pra ter uma noção.

Resistiré é do Duo Dinâmico, de Barcelona.
Cuando pierda todas las partidas / Cuando duerma con la soledad
Cuando se me cierren las salidas / Y la noche no me deje en paz
Cuando sienta miedo del silencio / Cuando cueste mantenerse en pie
Cuando se rebelen los recuerdos / Y me pongan contra la pared

Resistiré erguido frente a todo / me volveré de hierro
para endurecer la piel / y aunque los vientos de la vida soplen fuerte
como el junco que se dobla / pero siempre sigue en pie.
Resistiré para seguir viviendo / soportaré
los golpes y jamás me rendiré / y aunque los sueños se me rompan en pedazos
resistiré, resistiré.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Primeiro dos 100 (sem) Dias de Fracasso do Governo da Terrorista Búlgara de Vermelho

Vejam o meu comentário no blog do Mestre Hari. Foi esse:

Ora, ora… Enquanto preparamos o dossiê "100 Dias do Governo Dilma" para A Falha e o Estralo vcs ficam homenageando o passado?? Que tipo de blog é esse? Olho no futuro minha gente: O neto de Dilma já está se complicando para a disputa de 2064 contra Serra.
 

Quem não conhece o Professor Hariovaldo Almeida Prado, vale a pena ir lá e dar uma olhada no blog dele.
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sábado, 1 de janeiro de 2011