terça-feira, 21 de junho de 2011

Um Barrilete Cósmico contra a Xenofobia e o Preconceito

É comum xingamentos racistas contra jogadores brasileiros e africanos na Europa. Mas, este tipo de preconceito não é exclusividade somente dos europeus. Uma das ocasiões em que se aceita que o preconceito, o ódio e demonstrações de xenofobia aflorem livremente são durante as partidas de futebol.  Isto acontece em qualquer lugar. A torcida do São Paulo, por exemplo, nunca escondeu seu ódio ao tricampeão brasileiro Richarlysson, que era vaiado após os gols que marcava pela "suspeita" de ser homossexual.  E assim, narradores de futebol podem nos ensinar durante um jogo  o quão pequeno e atrasado é o povo futebol boliviano; como muitos poloneses estão certos em odiar os alemães, da rivalidade preconceituosa entre portugueses e espanhóis, do despeito mútuo entre franceses e ingleses, etc. Aliás, historicamente estes conflitos entre nações nada tem a ver com o futebol. 

Sinto-me envergonhado como cidadão brasileiro toda vez que ouço as vociferações preconceituosas de narradores esportivos, como acontece nos jogos de Brasil e Argentina. Quantos barriletes cósmicos ainda precisarão cair sobre a Terra para que, tanto lá como cá, saibamos simplesmente admirar um bom jogo?

Há 25 anos atrás (precisamente em 22/06/86), o relato que se segue fez juz a um dos gols mais bonitos da história do futebol. Difícil, muito difícil, dizer qual foi o mais bonito, se o gol ou a narração consciente daquele  homem que percebe o momento histórico e desaba em emoção e adjetivos superlativos:


O nome do narrador, que chora de emoção, é Victor Hugo. É impossível para mim entender porque tanto ódio brasileiro contra os argentinos. É impossível entender o ódio.

Como campo simbólico, o futebol seria uma forma razoável de ultrapassar batalhas  antigas e estereótipos negativos. O esporte possui a possibilidade da sublimação, um mecanismo de defesa que, se bem utilizado, pode ser positivo. É o que informa Freud com suas incansáveis análises das obras de arte. Mas, nos encontros esportivos a sublimação passa ao ato. A força, a agressividade  e o ódio são qualidades cultivadas, lembradas, incentivadas e preservadas. 

Que expressões xenofóbicas no esporte possam ser o combustível da vitória no campo esportivo poderíamos até discutir. Nunca, porém, aceitar.
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Um comentário:

Anônimo disse...

só comparável a quando brasil e cuba se enfrentam no vôlei feminino. Argentinos e cubanos, no entanto, são muito simpáticos e gostam dos brasileiros, a grande media é que leva esses preconceitos pra dentro da casa dos brasileiros. Humilhar os que se considera mais fracos e se ajoelhar diante de quem consideram mais poderosos, é assistir ao futebol narrado por cala a boca galvão.