quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A notícia que não existe

Uma notícia não está sendo divulgada. Trata-se da greve dos servidores técnico-administrativos das universidades federais. É de se estranhar? Honestamente não. Às vezes, até que estranho um pouco sim porque seria um prato cheio para quem busca "escândalos" (como se lutar por um direito fosse escândalo...), como é o caso da maioria dos veículos da mídia que defendem um projeto político conservador e reacionário, casos do jornal Folha de S. Paulo, Revista Veja e Organizações Globo. Mas, então, porque diabos eles não noticiam, sendo que é isso o que eles mais querem, desestabilizar o governo? O que tenho observado é que as greves em geral só são divulgadas nesses veículos em caso de flagrantes prejuízos para a cidade, como um engarrafamento gigante, ou conflitos generalizados. A simples luta por direitos não é notícia para esses poderosos e ricos veículos de comunicação. Outro exemplo de notícia que não existe neste tipo de mídia é a greve dos professores estaduais. A ideia subjacente a tudo isso é somente associar greves à baderna, gente sem estribeiras e pessoas sem juízo. Aliás, é uma estratégia mais do que manjada. Lembro ainda do Maluf nos debates dos anos 80 sempre condenando o Lula por ele ser grevista. Na cabeça deles é simples assim. A greve é a notícia que não existe, a não ser como um problema para a tal "gente do bem", aquela que abunda no observador político, site feito para o FHC (e não por ele) e os projetos anti-populares e entreguistas demotucanos.

Judicialização

Esta greve dos servidores das universidades começou em junho e atinge atualmente cerca de 50 instituições de norte a sul do país. Como todo movimento de âmbito nacional, a adesão é muito desigual de um lugar para outro. Também dentro da categoria ainda não existe um consenso geral sobre a greve. Todas as decisões por votação são muito apertadas. A maioria dos sindicatos é filiada à CUT. Em algumas universidades, as matrículas dos alunos de graduação e pós-graduação não estão sendo feitas. Os hospitais universitários também tiveram seu atendimento comprometido. Por causa disto, e também por outros motivos ideológicos não declarados, a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com um pedido no STJ para declarar a ilegalidade da greve, que será julgada em breve. A judicialização da luta por direitos dos trabalhadores é uma estratégia que deveria preocupar, e muito, a sociedade. Mais estranho ainda é a iniciativa ser incentivada por um governo do partido supostamente dos trabalhadores. 

Outras categorias profissionais prometeram para o mês de agosto a realização de assembléias e as greves podem crescer ainda mais. É positiva a retomada da luta pelos trabalhadores. Faz bem para a democracia e para o próprio governo, que precisa voltar a ouvir os movimentos sociais não apenas em época de eleições.
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