Essa é a política social vigente na maior parte do Brasil. Infelizmente, as seguidas demonstrações de que o investimento social traz retornos inclusive financeiros não é suficiente para mudar a mentalidade de grupos dominantes que insistem em criminalizar a pobreza. Precisamos de uma resposta urgente ao crescimento de um novo tipo de nazi-facismo brasileiro. Respostas como a que deu o Conselho Federal de Psicologia.
Do Psicologia Online
A reintegração de posse da área ocupada pela comunidade Pinheirinho,
em São José dos Campos, São Paulo, vem repercutindo na imprensa e nas
redes sociais pela violência e ilegalidade com que foi realizada. O
Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público solidarizar-se com as
famílias da ocupação e questionar tanto os métodos usados na
reintegração de posse como os seus objetivos.
A violência usada na ação policial não pode ser admitida, sob pena de compactuarmos com práticas que violam frontalmente os direitos humanos. Mais uma vez, nos perguntamos: que interesses estão por trás dessa ação truculenta?
Não havia urgência
na desocupação que pudesse justificar a necessidade de ação policial
para a reintegração de posse enquanto a disputa jurídica estava em
curso. As terras em litígio, segundo informações amplamente divulgadas
na imprensa, pertencem à massa falida de empresa privada e já estavam
sendo ocupadas há pelo menos 8 anos pelas famílias no Pinheirinho.
Mais de 3.000 famílias que estão em condições
precárias de alojamento, muitas crianças, idosos, mulheres gestantes que
dividem espaços improvisados, sem que seus direitos especiais sejam
respeitados. Muitos não puderam nem retirar seus pertences e várias
casas já foram demolidas nesta segunda-feira (23/01/2012).
Aos profissionais que estão atuando com a população desalojada,
principalmente psicólogas e psicólogos, o CFP manifesta apoio nas ações
cotidianas de enfrentamento ao sofrimento causado por tamanha violência.
Conforme os princípios fundamentais do Código de Ética da Profissão, a
Psicologia deve se colocar no papel de promover a saúde e a qualidade de
vida das pessoas e das coletividades e contribuir para a eliminação de
quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, baseando o seu trabalho no respeito e na promoção
da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano,
apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
Por fim, o CFP solidariza-se com o secretário Nacional de Articulação
Social, Paulo Roberto Martins Maldos, que é também membro da Comissão
Nacional de Direitos Humanos do Conselho, que acompanhava em diálogo com
moradores do Pinheirinho a desocupação e foi ferido com bala de
borracha durante a ação da Polícia Militar.
Faço votos que o governo federal não espere para agir. Agir, é bom esclarecer, com políticas sociais verdadeiras e justas para pessoas que tem suas casas e vidas desabadas, como em São Paulo, e também agir através de políticas habitacionais que evitem que prédios desabem sobre as pessoas, como aconteceu ontem no Rio. Aliás, a especulação imobiliária através do Minha Casa Minha Vida está criando um novo tipo de especulador financeiro oriundo da chamada "classe c" ou batalhadores. Mas isto é assunto para outra hora. Não entendo como o tema da justiça social tenha sumido de uma hora pra outra de todas as conversas e lugares. Ainda precisamos, e muito, de lutar por justiça social!
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