terça-feira, 27 de março de 2012

Mr. Dops e a Comissão da Verdade

Um bom cristão deveria fazer valer a verdade. Nem sempre é bem assim. Leia a matéria da Agência Pública com o Mr. Dops e saiba o porquê.

Por Marina Amaral
Nossa repórter passou mais de 15 horas entrevistando um dos poucos delegados do DOPS ainda vivos, entre os que atuaram nos anos mais duros da ditadura. Enfrentou resistência, informações desencontradas e até um suposto pacto de silêncio – um embate que antecipa os desafios da Comissão da Verdade
Aos 80 anos, José Paulo Bonchristiano conserva o porte imponente dos tempos em que era o “doutor Paulo”, delegado do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo, “o melhor departamento de polícia da América Latina”, não se cansa de repetir.“O DOPS era um órgão de inteligência policial, fazíamos o levantamento de todo e qualquer cidadão que tivesse alguma coisa contra o governo, chegamos a ter fichas de 200 mil pessoas durante a revolução”, diz, referindo-se ao golpe militar de 1964, que deu origem aos 20 anos de ditadura no Brasil.
Embora esteja aposentado há 27 anos, não há nada de senil em sua atitude ou aparência. Os olhos astutos de policial ainda dispensam os óculos para perscrutar o rosto do interlocutor, endurecendo quando o delegado acha que é hora de encerrar o assunto.
Bonchristiano gosta de dar entrevistas, mas não de responder a perguntas que lancem luz sobre os crimes cometidos pelo aparelho policial-militar da ditadura do qual participou entre 1964 e 1983: prisões ilegais, sequestros, torturas, lesões corporais, estupros e homicídios que, segundo estimativas da Procuradoria da República, vitimaram cerca de 30 mil cidadãos. Destes, 376 foram mortos, incluindo mais de 200 que continuam até hoje desaparecidos.
Os arquivos do DOPS se tornaram públicos em 1992, mas muitos documentos foram retirados pelos policiais quando estavam sob a guarda do então diretor da Polícia Federal e ex-diretor geral do DOPS, Romeu Tuma. Entre os remanescentes estão os laudos periciais falsos, produzidos no próprio DOPS, que transformavam homicídios cometidos pelos agentes do Estado em suicídios, atropelamentos, fugas. No caso dos desaparecidos, os corpos eram enterrados sob nomes falsos em valas de indigentes em cemitérios de periferia.
Globo, Folha, Bradesco – e Niles Bond
Bonchristiano é um dos poucos delegados ainda vivos que participaram desse período, mas ele evita falar sobre os crimes. Prefere soltar o vozeirão para contar casos do tempo em que os generais e empresários o tratavam pelo nome. Roberto Marinho, da Globo, diz, “passava no DOPS para conversar com a gente quando estava em São Paulo”, e ele podia telefonar a Otávio Frias, da Folha de S. Paulo “para pedir o que o DOPS precisasse”. Quando participou da montagem da Polícia Federal em São Paulo, conta, o fundador do Bradesco mobiliou a sede, em Higienópolis: “Nós do DOPS falamos com o Amador Aguiar ele mandou por tudo dentro da rua Piauí, até máquina de escrever”.
O “doutor Paulo” sorri enlevado ao lembrar dos momentos passados com o marechal Costa e Silva (o presidente que assinou o AI-5 em dezembro de 1968, suspendendo as garantias constitucionais da população). “O Costa e Silva, quando vinha a São Paulo, dizia: ‘Eu quero o doutor Paulo Bonchristiano’”, e imita a voz do marechal – ele adora representar os casos que conta.
“Eu fazia a escolta dele e ele me chamava para tomar um suco de laranja ou comer um sanduíche misto na padaria Miami, na rua Tutóia, vizinha ao quartel do II Exército. Todo mundo querendo saber onde estava o presidente da República, e eu ali”, delicia-se.
Gaba-se de ter sido enviado para “cursos de treinamento em Langley” nos Estados Unidos, pelo cônsul geral em São Paulo, Niles Bond, que admirava a “eficiência” da polícia política paulista. E o chamava de “Mr. Dops”.
Orgulha-se também de outro apelido – “Paulão, Cacete e Bala” – que diz ter saído da boca dos “tiras” quando “caçava bandidos” na RUDI (Rotas Unificadas da Delegacia de Investigação), no início da carreira, com um “tira valente” chamado Sérgio Fleury. Anos depois, os dois se reencontrariam na Rádio Patrulha, de onde saiu a turma do Esquadrão da Morte, levada para o DOPS em 1969, quando Fleury entrou no órgão.
“Polícia é polícia, bandido é bandido”, diz Bonchristiano. “Para vocês de fora é diferente, mas para nós, acabar com marginal é uma coisa positiva. O meu colega Fleury merecia um busto em praça pública”, afirma, sem corar.
O delegado Sérgio Fleury e sua turma de investigadores se celebrizaram por caçar, torturar e matar presos políticos no DOPS, enquanto continuavam a exterminar suspeitos de crimes comuns no Esquadrão da Morte.
Conversas gravadas
No decorrer de nove tardes passadas, entre junho de 2010 e janeiro deste ano, em seu apartamento no Brooklin, no 13º andar de um prédio de classe média alta, aprendi a escutar com paciência os “causos” que “doutor Paulo” narra com humor feroz, até extrair informações relevantes. Repetidas vezes eu as confrontava com livros e documentos e voltava a inquiri-lo; a proposta era que ele se responsabilizasse pelo que dizia.
De certo modo, meu embate com o “doutor Paulo” antecipava as dificuldades que serão enfrentadas pela Comissão da Verdade, a ser instalada em abril para apurar fatos e responsáveis – sem punição penal prevista – pelas violações de direitos humanos cometidas pelo Estado entre 1946 e 1988, abrangendo o período da ditadura militar. O objetivo da comissão é devolver aos cidadãos brasileiros um passado que ainda não se encerrou, como provam os desaparecidos, e impedir que funcionários públicos sigam mantendo segredo sobre atos praticados a mando do Estado.
A fragilidade da lei em pontos cruciais, porém, provoca ceticismo nas organizações de direitos humanos, em especial ao permitir o sigilo de depoimentos – ferindo o direito à transparência pública –, e ao não prever punições aos responsáveis pelos crimes, nem mesmo medidas coercitivas para os que se recusarem a depor.
Para continuar a ler a matéria clique aqui.
Charge do Angeli


sexta-feira, 23 de março de 2012

Os números da criminalidade e o suicídio

Sabe o caso daquela promotora cujo marido suicidou-se com 26 facadas? Sabe interpretar um gráfico de redução de criminalidade, como os do CRISP da UFMG? Pois então, a reportagem a seguir, publicada no Jornal Hoje em Dia, ajuda a esclarecer o misterioso suicídio de 26 facadas e lança luzes sobre outros casos igualmente misteriosos. E mostra que a polícia mineira tem aprendido muito com seus vizinhos Rio e São Paulo na manipulação de registros dos Boletins de Ocorrências (B.O.) para atingir as metas de "redução" determinadas por seus governadores.

Leiam aqui a matéria do jornal.


E desconfie sempre quando interpretar um gráfico de queda como este:

segunda-feira, 19 de março de 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

Salada, feijoada e outras misturas

Os mais maldosos diriam que só o pezinho. Mas o fato é que o milionário prefeito socialista de Belo Horizonte, aquele que é apoiado ao mesmo tempo, podem acreditar, por tucanos e petistas, sancionou no fim de 2011 o importante Dia Municipal da Feijoada. A partir de agora,  todo dia 18 de maio os restaurantes de Belo Horizonte serão incentivados a servir o brasileríssimo prato. Ufa, até que enfim tomaram alguma providência para melhorar a vida dos belorizontinos!

Talvez seja mesmo um projeto de grande utilidade. Só não sei se pública ou particular. O magnífico plano foi autoria do vereador Edinho do Açougue (PTdoB), que antes destas ideias brilhantes era comerciante do ramo de carnes há mais de 20 anos, ali da região do Bairro São Bernardo. Legislar para a cidade? Sim, talvez, depois, quem sabe....

E de tão importante, o projeto ganhou adesões de outros colegas da Câmara, que também assinaram como autores. Segundo notícia publicada no portal IG (veja aqui), para justificar a nova lei o vereador citou a tradição de se comer feijoada no Mercado Central, e saiu-se com a seguinte pérola:  

"... hábito de promotores, juízes, procuradores, desembargadores, médicos, engenheiros e outros segmentos da sociedade civil que, entre uma caipirinha e outra, um chopp e outro, se lambuzam com pezinho, a costelinha, e outros ingredientes tradicionais que fazem parte desse prato”.

O vereador que comanda a casa para o milinário prefeito socialista apoiado pelo PT chama-se Léo Burguês, e é do PSDB. Precisa dizer mais? Essa salada, digo, feijoada não poderia ser pior.  A única coisa boa por enquanto foi a coxinha da madastra, a música (clique aqui para saber).

O fato é que com socialistas deste naipe ninguém precisa mais combater nem o comunismo nem o capitalismo.


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quarta-feira, 7 de março de 2012

Chaplin, boxe e outras lutas

Aula de cinema e de dança, esta é uma das cenas mais ensaiadas e difíceis de Chaplin. A trilha sonora foi composta pelo próprio, um multiartista que detinha uma leveza que falta nos agressivos dias de hoje. Talvez a prova mais recente são os eventos UFC. Chaplin conseguiu transformar um "esporte" da natureza do boxe numa cena lírica, poética, engraçada. Mas duvido se conseguiria o mesmo com o MMA.






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sexta-feira, 2 de março de 2012

Da tristeza


Hélio Leites from Cesar Nery on Vimeo.

O que é tristeza pra você? Série de Mini-Documentários que circundam o projeto Thomás Tristonho, cujo carro-chefe é um curta-metragem de mesmo nome.

Os artistas envolvidos nele revelam suas perspectivas a respeito do tema Tristeza, enquanto somos apresentados aos seus traços. http://www.thomastristonho.com.br